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sábado, 18 de janeiro de 2020

#294 SESC IPIRANGA + EXPOSIÇÃO: O PASQUIM - 50 ANOS

Hello, andarilhos. Tudo bem com vocês? O que vão aprontar nesse fim de semana?


Existe coisa melhor do que a liberdade? Liberdade de expressão, de pensamentos, de ideias e principalmente, a liberdade de ir e vir.
Não, não existe nada melhor do que isso. Se existir, alguém me fale. Por favor.

Em tempos onde, novamente, nossas ideias começaram a ser controladas, a arte e a cultura estão sendo perseguidas, onde a educação começa a ser desmontada, jornalistas sendo atacados e tantas outras coisas tristes de ser vistas e ouvidas, o lugar de hoje é um alívio para a alma.
Vamos aproveitar enquanto ainda temos.


Bora conhecer o SESC IPIRANGA e conferir a EXPOSIÇÃO: O PASQUIM - 50 ANOS?


Imagina você criar um jornalzinho ali no Rio de Janeiro, justamente na época mais repressiva da Ditadura Militar Brasileira? Pois é.

Seria quase tudo tranquilo, se esse jornal lançado por um dos maiores e melhores profissionais, o cartunista Jaguar e muito outros intelectuais, não tivesse criado um diálogo de oposição ao Regime.

Criado em 1969, o semanário que imediatamente se tornou um sucesso de público, chegou a atingir a marca de 200 mil exemplares, sendo um dos maiores fenômenos do mercado editorial brasileiro até hoje.
Com muito humor, o jornal tratava de comportamento e até assuntos triviais, mas quando foi instituído o AI-5 e a repressão aumentava cada vez mais, o Pasquim começou a afrontar e passou a ser o porta voz da indignação das pessoas.

Pois é. E é no bucólico SESC IPIRANGA, com curadoria de Zélio Alves Pinto e Fernando Coelho dos Santos, que essa exposição relembra os melhores momentos e comemora o aniversário de 50 anos desse jornal memorável, peculiar e diferente.

Diferentes formatos estão espalhados e que contam essa história super interessante. Logo na entrada, na área de Convivência, que é destinada à Leitura, reúne O SOM DO PASQUIM que são discos de vinil com música lançadas na época. Com fones de ouvido e banquinhos, você poderá ouvir a primeira gravação de "Águas de Março" de Tom Jobim, além de anedotas e piadas de Ronald Golias e Zé Vasconcellos.

Detalhes: são 5 discos de vinil expostos. Porém, no dia da visita, estavam funcionando apenas 2. O restante estavam em manutenção. Espero que tenham arrumado.

Ainda nesse espaço, há uma linha do tempo explicativa com as 50 capas mais interessantes dos 23 anos que o Pasquim existiu.

E, temos mais exposição na parte de fora, em um jardim que eu fiquei completamente apaixonada. Dá para tirar milhões de fotos, mas no dia, estava chovendo muito.
Enfim, nessa parte expositiva estão 33 totens dos jornalistas e colaboradores com uma mini biografia: então, abrace o Jô Soares, converse com o Ziraldo, escute o Jaguar, ouça o Vinícius de Moraes e tantos outros.

Mas, não pense vocês que tudo foram marshmellows e chocolates para eles. Em Novembro de 1970, 11 integrantes do Pasquim foram presos, por voz do regime militar, por causa de uma simples capa; que reproduzia a pintura de Pedro Américo no quadro "Independência ou Morte" com Dom Pedro gritando: EU QUERO MOCOTÓ.

Com linguagem jovial e escrachada, as entrevistas também eram incríveis. Jô Soares também foi perseguido por responder quais eram as mil e uma utilidades de uma cama e a cantora Maria Bethânia também quase foi presa por usar a palavra TESÃO.
Fala sério; vê se isso não é muita falta do que fazer?

E no Galpão da Unidade: uma réplica de uma redação de Jornal exposta, com uma mesa vitrine para olharmos todas as fotos, telefones antigos dos quais a gente pode atender e ouvir história dos integrantes. São curtinhas, cerca de 3 a 4 minutos cada, além de uma máquina de escrever disponível para o público escrever o que quiser.
Confesso que senti uma nostalgia e bem boa e é muito engraçado ver crianças tendo contato pela primeira vez com a máquina.
Pais, levem seus Enzos e suas Valentinas para saberem o que é uma máquina de escrever.

É tão gostoso escutar o barulhinho das máquinas.

Em contrapartida, a Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, lançou um site dedicado ao semanário, com as 1072 edições digitalizadas. Foi um trabalho de um ano, com a ajuda do Ziraldo e a Associação Brasileira de Imprensa ( ABI) que cederam exemplares para contemplarem essa coleção gigantesca , além de textos produzidos pelos colaboradores do Pasquim e os índices das sessões de jornal.

Aaaaah, eu já tive a oportunidade de pegar o Pasquim nas mãos e me deu uma saudade gostosa. Essa exposição é bem grandinha e aconselho a ter calma para absorver tudo.
Mesmo para quem não é jornalista, vale a pena conferir a história desse jornal que contribuiu e muito para o nosso comportamento, na pior época que o Brasil teve.

Endereço: Rua Bom Pastor, 822 - Ipiranga
Telefone: 11 33402000
Horários: Terças-feiras às Sextas-Feiras: 07h00 às 21h30 // Sábados: Das 10h00 às 21h30 // Domingos: Das 10h00 às 18h30 // Segundas-Feiras: FECHADO
Site: SESC IPIRANGA
GRATUITO
Possui ESTACIONAMENTO
POSSUI WI-FI
ATÉ 12.04.2020

É isso, andarilhos. Essa expo é uma resposta aos tempos horríveis em que estamos vivendo e que precisamos estar atentos, fortes e preparados para isso aqui não vire um Conto da Aia tupiniquim.


Beijos afrontosos e até semana que vem.

VAI VIAJAR?

Você sabia que quando você faz qualquer reserva com um link aqui no blog, o "Somos Andarilhos" ganha uma pequena comissão? Sim, aqui também é trabalho. Obviamente que você não é taxado a mais por isso e com esse presente para você, ainda ajuda o "Somos Andarilhos a se manter de pé e produzir mais conteúdos incríveis e de qualidade! Quer ver mais viagens e lugares maravilhosos por aqui? Então, vamos reservar?



quinta-feira, 10 de outubro de 2019

#271 ITAÚ CULTURAL + EXPOSIÇÃO: 46a OCUPAÇÃO VLADIMIR HERZOG: A VIDA, A TRAJETÓRIA E O LEGADO DE SONHOS QUE FORAM INTERROMPIDOS - ENCERRADO

Hello, andarilhos. Vocês estão bem? Vão viajar no feriado?


Eu adoro uma exposição. Isso vocês já sabem. Biográfica então, nem se fala. Estamos vivendo na época do retrocesso, da censura e da opressão de pensamento e liberdade, então o post de hoje se faz extremamente necessário, na luta contra qualquer proibição artística ou ideológica.

Não vou me alongar muito não. Vamos a mais uma exposição no ITAÚ CULTURAL e ver a OCUPAÇÃO VLADIMIR HERZOG?

Provavelmente, você deve saber quem foi Vladimir Herzog ou o viu por fotos, mas se nunca ouviu falar dele, sintam-se agora apresentados.

Vladimir Horzog ou Vlado nasceu em 10 de Junho de 1927, na antiga Iugoslávia ( atual Croácia ). Vlado, seu nome de batismo, mudou a grafia para facilitar a compreensão, chegou ao Brasil aos 10 anos de idade, em 1937, fugindo de seu país, com seus parentes, por causa de perseguições políticas na época.

Filósofo de formação pela USP, era jornalista, editor e professor e trabalhou pelos jornais Folha de São Paulo e BBC.
Também era um alucinado por cinema e que inclusive, estava trabalhando em vários roteiros de documentários e filmes.
Casado, teve filhos, era engraçado, tentou tocar violão, gostava de viajar e era trabalhador.
Assim como eu e você.
Uma pessoa comum, inteligente e de bem com a vida.

Seu crime? Prestar esclarecimentos sobre a sua atividade profissional em plena época da ditadura.

E é exatamente sobre isso que a 46a Ocupação Vladimir Herzog nos traz. Em parceria com o Itaú Cultural e o Instituto Vladimir Herzog, essa mostra convida o público, com o objetivo de nos aproximar desse jornalista, cinéfilo, do fotógrafo e do olhar desse canceriano curioso e incansável e desbravador de assuntos e limites.

Fotos, revistas, músicas e dezenas de cartas trocadas entre amigos quando morava na Inglaterra e temia voltar para o Brasil com medo de represália, são alguns dos objetos que compõe essa exposição tão rica e que diz tanta coisa.

Herzog, talvez, seja um dos personagens mais emblemáticos na luta pela Justiça que esse país já teve. Foi extremamente crítico em relação a atrocidades cometidas durante o período da Ditadura Militar Brasileira.
Então, em 25 de Outubro de 1975, decidiu se apresentar voluntariamente ao DOI-CODI ( centro de inteligência durante a época ) para se explicar. Foi pela manhã e não voltou mais.
O resultado? Aquela foto horrível que conhecemos, onde ele aparece enforcado.
Suicídio? 

Era o que relatava o atestado de óbito na época, mas era mais do que óbvio de que não foi nada disso. Herzog virou um símbolo de luta e esperança. Na época, causou extrema comoção e houve um ato ecumênico, com várias religiões, em Plena Catedral da Sé, e milhares de pessoas do lado de fora aguardando pela missa de homenagem

E, no entanto, o seu assassinato ainda ecoa nas cicatrizes que a Ditadura Militar nos causou. Um outro atestado de óbito, feito em 2013, relatou que a causa mortis foi feita por asfixia mecânica.
Suicídio? Jura?
E o assunto é tão sério que só em 2018, ou seja, 44 anos depois de sua morte, a CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS, condenou o Estado Brasileiro por omissão, negligência, falta de investigação, tortura e morte de Vlado.

É realmente estarrecedor, saber que um homem morreu aos 38 anos, com toda uma vida pela frente, com projetos pelo caminho e sonhos a serem realizados, apenas por ter opiniões divergentes de um governo.
Não dá para ser conivente com uma barbárie dessas.

Esse assunto me estressa, me deixa triste, com raiva... é algo que mexe comigo. Perder a sua liberdade só por ter não os mesmos pensamentos, cobrando por melhorias é algo que NUNCA irá entrar em minha cabeça.
E, para quem quiser conhecer o MEMORIAL DA RESISTÊNCIA e entender mais sobre isso, querendo e lutando por sua liberdade, seja ela qual for, clica aqui. De peito aberto.

E quem quiser também ouvir mais absurdos cometidos durante o REGIME, assista o documentário PASTOR CLÁUDIO.

Para quem quiser:

Endereço: Avenida Paulista, 149 - Bela Vista ( Estação Brigadeiro do Metrô)
Telefone: 11 2168 1777
Horários: Terças-Feiras aos Sextas-Feiras: 09h00 às 20h00 // Sábados, Domingos e Feriados: Das 11h00 às 20h00 // Segundas-Feiras: NÃO FUNCIONA
Site: ITAÚ CULTURAL
SEM ESTACIONAMENTO
POSSUI WI-FI
GRATUITO
ATÉ 20 DE NOVEMBRO ( DÁ TEMPO)

E ficamos por aqui. Falar sobre isso não é legal, é terrível e saber que pessoas foram torturadas até pouco tempo atrás me causa pânico e com o nosso governo fascistóide atual, percebemos que não tem nada de novo nesse horizonte infinito.


Beijos saudosos e até sábado.