#94 MEMORIAL DA RESISTÊNCIA

Olá, andarilhos! FERIADO! 464 anos dessa cidade incrível, que nunca para, que nunca dorme e com milhares de coisas a se fazer. Parabéns, São Paulo! Aprendi a te olhar de outro jeito. Do jeito que você merece.


RESISTIR: Conservar-se firme, não resistir, não sucumbir, opor-se...

https://www.youtube.com/watch?v=1KskJDDW93k - Música símbolo - Geraldo Vandré - Pra não dizer que não falei das flores

Eu disse uns 15 dias atrás que o post de aniversário de São Paulo seria meio polêmico. Em tempos esquisitos dos quais estamos vivendo, terá gente aqui que lerá o meu post e serei chamada de esquerdista ou comunista. Como se algo assim fosse xingamento. Eu não sou comunista, mas antes de xingar alguém, pesquise melhor e entenda sobre o que vai xingar. Sou humana e adepta da liberdade. Liberdade de escolha, de pensamentos, de religião, sexualidade, de absolutamente tudo. Não defendo a "esquerda" e não defendo a "direita". Todas cometem erros gravíssimos. Só não tolero fascistas perto de mim.
Em tempo de raiva, ódio e corrupção rolando, acredito que o lugar de hoje é mais atual do que nunca.
É um assunto delicado e sei que estou mexendo em um vespeiro muito grande. Mas, o blog é meu e falo o que eu achar que tem que ser falado.
Brigar por política é o fim. Ter fã-clube homenageando políticos é atitude de uma sociedade alienada e doente.
Enfim, queria que o post de hoje fosse ainda mais polêmico, mas o lugar está fechado para manutenção e reabre justamente no dia 25, data em que o post será publicado. Mas é certeza que terá uma parte II. Me recuso a fazer uma parte só. Queria colocar as fotos chocantes e se alguém tiver algo de bom no coração, ficará chocado, desesperado e estarrecido com tamanha atrocidade. Fica para uma próxima vez. EU SONHAVA EM FAZER ESSE POST.


Apresento o MEMORIAL DA RESISTÊNCIA. Inaugurado em 24 de Janeiro de 2009, é um museu que preserva as memórias da existência e repressão política durante a Ditadura Militar que ocorreu entre 1964 e 1985. 21 anos que jamais deveriam ter existido.
A exposição permanente se localiza no primeiro andar, onde estão preservadas as memórias da ditadura, as celas, fotos, objetos de tortura e depoimentos.
Quando eu fui pela primeira vez, meu coração ficou apertado e me lembro da sensação angustiante de ficar ali. Me deu vontade de fugir, de gritar e de ficar quieta ali apenas. Ali, vale vários momentos de reflexão e é quando eu penso o quanto eu sou pequena, o quando esse mundo é cruel e o quanto eu estou desprotegida.
Me reportei a época e imaginei se fosse comigo. Não tem como ficar bem. Imagina ficar em celas minúsculas, eu, meio claustrofóbica, como ficaria?
Sério, nesse momento, estou chorando. Só de lembrar como foi, já me bate uma deprê forte, imagina quem passou por torturas, imagine quem morreu sufocados em câmaras de gás, quem queria algo diferente e a opinião não foi respeitada.
Não dá para tirar o direito de ir e vir. Então, é isso, desde 2009, o museu mantem viva a memória de eventos passados de luta por justiça, promove o exercício e senso de cidadania, valoriza a democracia e atesta que os direitos humanos vale para todo mundo. Para todo mundo, repito. Ou deveria valer... Eu fico aqui pensando no contrassenso. Uma exposição sobre direitos humanos dentro do Memorial e do lado de fora a poucos metros dali, fica a Cracolândia. Tanta gente linda e que poderia ter um futuro melhor, um futuro decente e que poderia usufruir do melhor da vida. Mas já ouvi dizer que desigualdade não existe, que é só trabalhar que está tudo certo, que é só acordar cedo. Como se fosse fácil e como se a vida fosse uma equação de matemática. Lógica, exata ou um roteiro a ser seguido, sem curvas. É irônico pensar em tudo isso, pensar que na teoria, o que está escrito na cartilha é lindo, mas na prática, não funciona da maneira certa.

Retirado do site Portal 5g-media

Não entendo a cabeça de quem pede por intervenção militar. Com que intuito? É óbvio que eu não vivi essa época, mas como sou formada em comunicação e essa foi uma área muito perseguida, eu tenho medo. As pessoas querem algo que não sabem o que significou, que não vivenciaram e que é algo distante da realidade delas. Quanto sangue derramado e quantas famílias destruídas? Quanto trauma não existe? Já entrevistaram alguém que sobreviveu a tantas torturas? É tortura que você quer para os outros? E você, aguentaria sofrer abusos desse nível? Ou você está do outro lado? O que comete atrocidades? Onde está a sua humanidade?
Enfim, esse é um assunto que mexe muito comigo e me assusta demais. Eu poderia falar dele aqui durante horas. Mas, voltamos a falar do Museu.
A sede fica no edifício que pertenceu, durante 43 anos ( 1940 -1983 ), ao Departamento Estadual de Ordem Política e Social de SP, a DEOPS/SP, uma das polícias mais violentas durante a ditadura militar.
Além da exposição permanente, o Memorial tem dois segmentos: exposições permanentes e de longa duração.
Tudo isso é doloroso demais para nossa compreensão e é muito bom que um Museu exponha isso tão abertamente para nos lembrarmos dessas atrocidades todo dia.
Dizem que acabou em 1985. Mas, vendo hoje, músicas sendo censuradas, filmes censurados, entre tantas outras ações opressoras pequenas, que me pergunto, o que ainda tem debaixo do tapete.


E quando eu penso em quem defende a Ditadura e pede por intervenção militar, eu associo que essa pessoa também é a favor das ações de Hitler, que não se importa com o Holocausto, que concorda o que aconteceu em Auchwitz e por aí vai... #medo

Para quem quiser saber e entender melhor sobre a ditadura e ainda assim, não passar vexame das rodas de conversa, índico esses filmes:

• Olga (2004);
• O ano em que meus pais saíram de férias (2006);
• O Dia que durou 21 anos (2012);
• Pra frente, Brasil (1982)

E essas bandas e artistas entre 1970 e 1980:

• Capital Inicial;
• Plebe Rude;
• Legião Urbana;
• Geraldo Vandré;

Livros:

• 1964: A História do Regime Militar Brasileiro, Marcos Napolitano;
• Combate na Trevas, Jacob Gorender
• História Indiscreta da Ditadura e Abertura, Ronaldo Costa Souto;
• Ilusões Armadas, Elio Gaspari

Como vai reabrir no dia 25 agora e quem quiser visitar e saber mais sobre esse pesadelo:

Endereço:

Largo General Osório, 66 - Santa Ifigênia - São Paulo ( Estação Júlio Prestes, Luz ou República, tanto faz)

Telefone: 11 3335 4990 - Entrada Gratuita

Horário de Funcionamento: Quartas-feiras aos domingos: 10h00 às 17h30 // Às terças-feiras NÃO ABRE.

Site do Estabelecimento: http://memorialdaresistenciasp.org.br/memorial/default.aspx?mn=4&c=83&s=0

Quero deixar claro que não sou militante. Estou bem longe disso e não entendo muito bem sobre política e é por isso que não devemos discutir sobre o que não entendemos muito bem. Só quero dizer

que esse é um período que não me agrada nem um pouco e que as pessoas tem uma visão muito torta do que é, o que não é, o que deveria ser e o que pode ter sido. A mídia também induz as pessoas a pensar em algo que não deve. Sim, televisões não só do Brasil, mas do mundo inteiro manipulam e são tendenciosas. Eu tenho propriedade em falar, por que sei como uma TV funciona.

Retirado do Trip Advisor

Vamos ler mais, estudar, procurar outros meios de comunicação para ganharmos bagagem. A TV induz e não iremos aprender nada com o Facebook. Redes sociais são divãs para gente louca. É o hospício compartilhado. E um monte de insanos juntos não dá certo. É um ano complicado, difícil e como diz Renato Russo: "vivemos em um mundo doente". A mudança que queremos vem de dentro. Somos nós que não devemos fazer besteira para que outras besteiras não sejam cometidas. O simples ato de apertar um botão nas urnas é mais importante do que parece. Vamos ser inteligentes e ser inteligente, não é desejar o sofrimento de pessoas, morte e sangue por todo lado. Temos um poder gigantesco. Só não sabemos disso.

Então, é isso andarilhos! Espero que tenham gostado. Adorei o desabafo e gostaria de conversar com vocês sobre. Vão e me digam se gostaram, ok? Triste, mas é um chacoalhão. Ah, e como todo cuidado é pouco e devemos ter cautela em todos os lugares do mundo, a Cracolândia fica bem próxima. Eles não fazem nada e tem todo o policiamento possível nos arredores. Só não se distraia. E não precisa ter medo. São bem na deles. De resto, curta o seu passeio na boa.

Beijos! Beijos! Beijos!