sexta-feira, 21 de setembro de 2018

#162 PRAÇA DONA MICAELA VIEIRA

Hello, andarilhos. Tudo certo? Tenham um excelente fim de semana. O que vão fazer de bom?

Enfim, chegamos ao último post da série "351 anos da Penha". Eu adoro mostrar o que esse bairro tem de tão legal e é tão pouco conhecido.
Muita coisa ainda ficou de fora e espero conta-las logo para vocês. O lugar de hoje é muito histórico e eu não tinha ideia disso.

Vamos conhecer a PRAÇA DONA MICAELA VIEIRA? Aliás, acho que pouca gente sabe o nome verdadeiro dessa praça que há muitos anos, foi chamada de Praça do Dominó. Já ouvi muita gente falando que o nome dela era esse.
Acredito que tem menos gente ainda que sabe quem foi essa mulher tão importante para ser homenageada dessa maneira.

No ano passado, contei que a Penha nasceu com origens africanas, tanto que a Biblioteca do Centro Cultural possui um acervo riquíssimo de livros da cultura afro e a Igreja Nossa Senhora dos Homens Pretos já fala por si.

A Penha é tão antiga quanto andar para trás e hoje, vamos falar dessa mulher homenageada que dá nome a essa praça, a tal Praça do Dominó.
O bairro sempre foi muito calmo e antes de estourar a Segunda Guerra Mundial, as pessoas procuravam a Penha pela devoção e fé ( quinta-feira, irei colocar uma retrospectiva de todos os posts do bairro até agora. Se tiverem paciência, terão que ler tudo). Logo após a guerra, imigrantes europeus e migrantes do Brasil procuravam sossego e um lar que ficassem próximos as indústrias, a fim de arrumar trabalho. Mão de obra braçal. Onde ficava esse bairro? Isso mesmo, o Brás.
Muitos escolhiam ficar ali na Hospedaria do Brás e outros preferiam ficar na Penha.

Então, o bairro começou a fazer história. Ficou lotado de imigrantes espanhóis, árabes, italianos e portugueses. E foi a partir daí que a Micaela Vieira entrou em cena.
Muitas mulheres chegaram aqui, grávidas e como as condições eram sempre muito precárias, muitas parteiras eram chamadas. Junto delas estava Micaela Vieira, mulher negra e pobre.

Micaela, além desse nome lindo que ela tinha e que se um dia eu tiver uma filha se chamará assim, era muito popular no bairro e muito amada. Além de parteira, foi benzedeira e se tornou um símbolo de proteção, cuidado e amor.
Não há muitas informações sobre ela na Internet e nem mesmo em livros. Só se sabe que ela nasceu no final do século 19 e viveu parte do século 20, que sua casa era no mesmo lugar que hoje é o Colégio Santos Dumont ( do post da Praça 8 de Setembro ) e que ela teve um filho que, mais tarde, se tornou seresteiro e tocava violino e chorinho.

Nesse ano, aconteceu o primeiro desfile carnavalesco "Cordão da Dona Micaela" em homenagem a essa mulher que traduziu o significado de luta e resistência.

Estamos vivendo tempos tenebrosos, então é importante preservar a memória de quem foi importante.
É preciso que minorias se unam. A representatividade importa sim. Das 54.000 ruas registradas em São Paulo, menos de 1% é em homenagem a personagens negros.
Não é um absurdo?

Homenagens como essa se faz completamente necessária. Micaela foi uma figura extremamente importante para comunidade penhense.
A Penha foi um bairro essencial para o desenvolvimento de São Paulo. Micaela estava nessa história e certamente, ficaria muito feliz de ser lembrada todos os anos.


A praça, em homenagem a ela fica bem numa das ruas mais movimentadas que existe na Penha. E como eu disse acima, se quiser passar a tarde ali, é só esperar alguém chegar nos banquinhos para jogar dominó, estudar, ficar olhando o movimento, além de ter várias opções de serviços: padarias, cabeleireiros, supermercados, lojas de roupas e até igrejas esperando pelo seu dízimo.

Se até o Dom Pedro conheceu e se hospedou na Penha, antes de dar o grito, porquê você não pode conhecer?

Endereço: Entre as Ruas Padre João e Amador Bueno da Veiga -  Metrô Penha

Então é isso, andarilhos. Espero que vocês tenham gostado e sábado que vem, voltaremos com a programação normal.
É muito bom saber como a Penha ainda surpreende e como a Zona Leste foi extremamente importante para a história de São Paulo.
Adoro!

Beijos históricos e até quinta!










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