quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

#95 FAROL SANTANDER

Olá, andarilhos! Tudo certinho com vocês? Quero desejar um bem-vindo à Índia. Espero que tenha gostado do blog. Namastê para vocês! Era para ter postado no sábado, mas feriado prolongado, como sempre, me fez ter uma programação intensa. Mais 4 lugares novos na lista. Tenho 30 lugares esperando para colocar aqui, acreditam?

Enfim, já disse diversas vezes por aqui que eu iria fugir como um demônio foge da cruz ( seria vampiro, né?) e evitaria o máximo, colocar pontos turísticos. Sei lá, parece ser tão saturado, as mesmas fotos, tiradas em diversos ângulos e todo mundo parece que fala sempre a mesma coisa. Eu não queria colocar esses pontos turísticos. Não sou guia e nem sou formada em turismo. Sou formada em Rádio e TV. Quero levar entretenimento e entretenimento na linguagem da TV, precisa mostrar o novo, o diferente, o cultural, o bizarro e como eu não gosto de pessoas que não são curiosas, preciso mostrar essa curiosidade para quem acompanha o blog. Quero aguçar sentidos, sentimentos, memórias e sensações. Ao mesmo tempo, tem muitos estrangeiros candidatos a turistas por aqui e eles vem por causa desses pontos turísticos e sou um pouco obrigada a mostrar o que é falado. Mas, me acompanhem que as coisas por aqui são um pouquinho diferentes do que se vê por aí afora.


ANTIGO BANESPÃO

O lugar de hoje talvez, seja um dos mais fotografados de São Paulo. Apresento o EDIFÍCIO ALTINO ARANTES, mais conhecido como BANESPÃO ou o novo FAROL SANTANDER.
É o 3o maior arranha-céu de São Paulo e o 6o maior do Brasil, perdendo para o Millenium Palace de Santa Catarina.
Ele começou a ser planejado em 1939, para sediar o Banco do Estado de São Paulo, por isso o nome, Banespão. Sua inauguração foi 8 anos depois, em 27 de Junho de 1947.  Inspirado no Empire State Building e durante uma década, ele foi considerado o prédio mais alto da cidade com seus 161,22 metros de altura, até o edifício Mirante do Vale ser inaugurado em 1960, título que detém até hoje. Infelizmente, o Mirante do Vale não é aberto à visitação. Apesar de ser um prédio comercial, pouco é falado dele. Acho que deveriam dar uma atenção maior, sendo o prédio mais alto de São Paulo.
Nos anos 1950, a famosa torre, foi ocupada pela TV TUPI e logo no começo de suas atividades, havia um letreiro em néon com o nome do prédio. Só em 1960, o nome foi mudado e rebatizaram como Altino Arantes, que foi o primeiro presidente brasileiro do banco, já que a maioria dos acionistas eram franceses.
Só em 1970, que o prédio ganhou a famosa bandeira de São Paulo logo no mastro e que frequentemente é trocado, devido aos estragos causados pelo vento.
Em 1988, um lustre lindíssimo de 3 metros de altura com quase 2 toneladas foi instalado no hall de entrada do prédio. São 150 lâmpadas e quase 10 mil peças de cristais. Realmente, é muito lindo.

Um pouco mais de uma década atrás, eu, minha irmã e um antigo crush dela ( sim, eu segurava vela), estávamos de bobeira e resolvemos visitar o prédio. Lembro-me que tinha uma exposição de brinquedos antigos e depois resolvemos subir até o mirante, que na época, o acesso para visita, era bem no topo, ali no mastro, no 34o andar, alcançando 40km de vista. Me recordo que os meus ouvidos tamparam, de tão alto que era e me lembro também que até então, foi uma das melhores sensações que eu tinha vivido. Dava para ver a cidade inteira do alto. Como eu nunca tinha visto nada parecido antes, eu fiquei arrepiada, fiz um aviãozinho de papel e soltei... e ele voou. Ficou passeando pelo vento e pensei o quanto aquela sensação era boa. Era uma ventania gostosa e estávamos só nós 3. Antes de subirmos, tinha que assinar uma lista de visitação e a entrada era gratuita. Jamais vou esquecer do aviãozinho de papel se perdendo no meio daqueles prédios, indo embora tão singelamente. Foi muito bom e depois fomos comer no McDonalds. Saudades daquele Banespão. Depois disso, não fui mais. Até agora...

Só em 2011, o prédio foi tombado pelo Condephaat e se tornou patrimônio histórico e cultural da cidade. E depois disso, para revitalização do prédio, ele ficou fechado para o público durante dois anos consecutivos, impossibilitando a visita.


FAROL SANTANDER

E então, depois de 2 anos, é anunciado que o Banespão, agora, como Farol Santander que desde o ano 2000 assumiu a preservação, seria reinaugurado no aniversário de São Paulo, dia 25 de Janeiro. A visitação começou mesmo a partir do dia 26.
Dos 35 andares, 18 foram ocupados para ser um novo centro de lazer e empreendedorismo. Os valores dos ingressos variam conforme o que é escolhido para ver.
Como fazia muito tempo que eu não entrava ali e era a primeira vez do meu andarilho, resolvemos andar pelo prédio todo. Confesso que estava ansiosa.

2o e 3o andares

Logo de cara, em uma sala de led, com pisos de vidro e que me deram uma sensação de um leve sufocamento, uma linha do tempo é apresentada, através de vídeos, que conta a história de como tudo começou.
Já no 3o andar, reproduções de salas de atendimento, uma retrospectiva da nossa moeda e uma breve explicação de como abrir uma conta bancária ou ter uma caderneta de poupança, é o tema. Alguns objetos antigos são expostos e essa parte é um pouco interativa. Além de tudo, lembro-me que meu avô contava como era ir ao banco essa época. As pessoas usavam suas melhores roupas. Era como se fosse um grande evento. Uma sonorização ambiente também faz com que a gente se sinta na época. É engraçado.

5o andar

Talvez, minha parte favorita. Esse andar é um mergulho de cabeça à época. O ambiente nos traz objetos e mobílias preservadas que pertenceram aos presidentes do banco na época. O que foram bastante. Teve uns que duraram meses, outros alguns anos. Mas há uma exposição de todos os homens que sentaram na cadeira mais importante do banco. Coitados, todos pobrezinhos. Cada um mais pobre que o outro. Gente, brincadeira.
Mobiliários feitos de jacarandá estão expostos ao público. A sonorização também é bastante presente. Nem dá para acreditar que eles emprestavam dinheiro à artistas, produtores e cineastas para iniciar suas grandes produções. Muito bom saber disso.

4o andar

Essa sala tem a exposição permanente ao renomado artista e reconhecido internacionalmente, Vik Muniz. A instalação Vista 360o apresenta várias fotos do mirante, de acordo com o olhar do artista, feitos com 20 toneladas de sucatas, além de outros materiais. São 6 painéis bem grandes e um outro complementar. Preste bastante atenção nos detalhes. São bem sutis.


21o andar

Há alguns anos atrás, seria impensável colocar uma pista de skate dentro de um prédio. Mas, por iniciativa de um dos maiores skatistas do mundo, Bob Burnquist, isso foi possível. O espaço é bem legal, com 300 metros quadrados, um circuito com rampas e grafites bem legais. Como eu não ando de skate, esse é um espaço meio over para mim. Então, só fui conhecer mesmo. Tem uma salinha super legal com TV. Acredito que seja para jogar videogames.





22o e 23o lugares

Esses dois andares são viagem pura. São dedicados a arte imersiva. É preciso ser muito mente aberta e estar preparado para o que é apresentado. Saia um pouco do pensamento comum e se transporte. Deixe-se levar. É difícil no começo, mas depois fica mais fácil. Os espaços de cada andar tem 300 metros quadrados e devem ficar 100 dias expostas. Essas exposições contam com o apoio da Lei Rouanet. Essa mesma que os artistas sofrem para conseguir e não mamam na teta do governo. Gente, sem isso, a arte aqui no Brasil NÃO FUNCIONA!!!!
Não me lembro o andar que está a exposição do coletivo russo TUNDRA, "The Day We Left Fielf - ou O DIA EM QUE SAÍMOS DOS CAMPO". Lasers e paisagens sonoras criam uma natureza plástica e angustiante. De angustiante não achei nada, achei uma viagem sonora e colorida e poderia ficar ali durante horas. Na verdade, aquela mistura de cores robóticas com barulho de chuva e outros tipos de barulho, me deram um sono incrível. Acho que me senti relaxada demais. Estava sentada num puff gigantesco e ficar ali é embarcar em algo como "A Fantástica Fábrica de Chocolate", a primeira versão. Para quem assistiu o primeiro filme, Willy Wonka levam os garotos para andar de barco e o que eles veem ali é a mesma sensação de estar nessa sala. Pois é, pessoas... a viagem é tão grande que consegui fazer essa associação. Coisa de gente maluca. Mas, atenção: quem tem labirintite, enxaqueca e epilepsia passe longe. Não é muito bom ficar por muito tempo.
Não dá para ficar explicando muito. É a mesma coisa que tentar explicar o sentido do amor ou da vida.


25o andar

Outra boa notícia é que agora dá para se hospedar no Farol. O andar tem 335 metros, com um estilo art decò ( cores discretas, formas geométricas e florais ). Deve ser uma experiência incrível se hospedar tendo essa vista panorâmica de São Paulo. Terá serviços de camareira e limpeza para garantir o conforto dos hóspedes.

26o andar

Acredito que esse seja o andar mais esperado. Finalmente, o mirante que dá acesso a olhar para uma São Paulo surpreendente.
Pois é, para quem visita pela 1a vez pode ser a coisa mais linda mesmo. Mas, para mim, que visitou alguns anos atrás e o mirante ficava no 34o andar, foi um pouco decepcionante. É uma sensação parecida em comer macarrão depois de uma lasanha.
Primeiro que colocaram um café junto com o mirante. Ou seja, dois espaços que ficaram apertadíssimos. No dia que eu fui, tinha um cara que estava com um carrinho de bebê ou seja, em termos de largura, esse carrinho ocupou o espaço todo. O lugar é um cubículo e tem uma mureta que atrapalha os mais baixinhos, como eu. Tive que ser levantada para ver o Theatro Municipal.
Deram um espaço gigantesco para o café e o mirante foi mal aproveitado. Porque não puseram esse café num andar dedicado a ele e emendava com um restaurante junto?
Aí, davam um espaço maior a esse mirante e que caberiam  muito mais pessoas e não havia a necessidade de todo mundo ficar apertadinho, brigando por espaço para tirar a bendita selfie. Eu não entendo o pensamento desses arquitetos.
O café é um tanto quanto confuso também. Até iríamos tomar um café ali, mas o atendimento é demorado. A menina estava toda enrolada com uma nota que havia sido cobrada errado e não tinha ninguém para ajudar. Tanto que nos mandaram escolher uma mesa para ser atendido pelo garçom. Era só um café. Não precisa de garçom para isso.
Então resolvemos ir embora e tomar café num boteco mesmo ali na Sé.

Outra coisa que, para mim, deveria ser evitada a fadiga, é a checagem do ingresso em cada andar que vamos. Não precisa disso. Se estou lá pelo 22o segundo andar, é óbvio que eu passei por outros andares antes e não subi aquilo tudo à toa. Vamos facilitar a vida.
Ah, lembrando que para visitar o prédio todo, o ingresso custa R$25,00. Só o Mirante é R$15,00 e as exposições são 17,00.

Então é isso, andarilhos. Acho que é mais um daqueles passeios clichês que devemos respeitar. Mas, na verdade, eu queria ter ficado na memória, a lembrança daquele aviãozinho de papel decolando nas minhas mãos e se perdendo na selva de pedra( eu ODEIO esse termo), indo sei lá para onde. O mirante dessa vez, foi meio frustrante  e se caso eu queira ir de novo ver São Paulo onde a vista alcançar, vou aos Jardins da Prefeitura. O prédio pode ser menor, mas dá para ver a mesma coisa, além de ser espaçoso e menos famoso. O bom que ainda é de graça.


Para quem quiser conhecer:

Rua João Brícola, 24  Centro
Horário de Funcionamento: Terças-feiras aos Domingos: Das 9h00 às 19h00. Segundas-feiras: Não funciona. Já vi em sites que os horários estão diferentes. Mas esse horário que está aqui é do site; podem confiar.
Email:farol@santander.com.br
Telefone: 11 3553 5627
Site: https://farolsantander.com.br







Vão lá e me contem se vocês gostaram, ok?


Beijos, beijos, beijos!



















Nenhum comentário:

Postar um comentário