O post de hoje configura em todas as listas dos lugares obrigatórios para se ir em São Paulo. Listas do Tipo: "15 lugares imperdíveis para se conhecer em SP" "20 pontos turísticos para ir na cidade" "10 lugares para tirar foto em Sampa" "7 museus com jardins na metrópole".
O problema é que a lista é sempre a mesma coisa, com os mesmos lugares e isso me revolta um pouco.
Conheço gente que não gosta de lugares assim e certamente, não incluiria em seu roteiro.
Eu pensei muito antes de fazer esse post, pois ficava pensando que tudo sobre ele já foi falado, já foi dito, mais do que fotografado e o que de diferente, eu poderia acrescentar?
Concluí que a diferença está na minha opinião. E, que eu tenho uma lenda urbana na manga e que contarei mais abaixo.
Fui a primeira vez em 2005, numa festa de Halloween, num sarau em homenagem ao escritor Edgar Allan Poe. Eu pirei com aquela aura macabra e se tornou um dos meus lugares preferidos. Ainda vou fazer a minha lista desses meus lugares. Muda o tempo todo, então eu ficaria eternamente fazendo.
Vamos sentir a cara da primavera na CASA DAS ROSAS?
Sim, teve um dono e se chamava Ernesto Dias de Castro, um gaúcho nascido em 1873, se tornando engenheiro e formado pela Escola Politécnica de São Paulo. Por um período, ensinou matemática em escolas do Estado. Depois pergunte a sua vó, a importância que essa Escola teve na cidade, na época.
Em 1903, o Netinho fundou uma empresa chamada Ernesto de Castro & Cia. Era uma importadora que trazia todos os tipos de cacarecos possíveis: óleos, cimentos, tubos para águas, madeiras, etc...
Suas construções notáveis foram a Pinacoteca, o Theatro Municipal, o Palácio das Indústrias que hoje é o Museu Catavento e o Palácio dos Correios. Sim, foi esse arquiteto que construiu a Casa das Rosas. Talento master desse cara. Adoro!
O terreno que era a Casa das Rosas ( ela não era chamada assim antes ) pertencia a Ramos e foi vendida ao seu sócio em 1900.
Temos que lembrar que São Paulo exportava café e que tudo era muito agrário, até começar o desenvolvimento. Os grandes casarões desses homems importantes e riquíssimos foram dando espaço a prédios comerciais, bancos, edifícios modernos, trânsito ( afinal, os bondes estavam começando a ter seu fim), pessoas, pessoas e mais pessoas.
Ernesto casou-se com a filha de Ramos de Azevedo e de presente de casamento a pedido dela, o terreno foi transferido para o nome do marido, em 1913. E assim, começaram a construir esse casarão de estilo variado. Uns dizem que é eclético ( mistura de todos os estilos), outros dizem que tem características da Renascença Francesa, mas com elementos de art decó (muitos detalhes e ornamentos), art nouveau ( aspectos florais e de natureza). Pesquisem mais sobre história da arte, ok?
Meu Deus, imagina a trabalheira que era faxinar tudo isso? Haja perna, haja braço e disposição.
E a casa foi habitada durante 51 anos. Ramos de Azevedo não conseguiu ver a conclusão da casa e depois da morte do Ernestinho, foi desapropriada em 1986 pelo Governo do Estado.
E em 1985 ( ano que eu nasci ), foi tombado pelo CONDEPHAAT, se tornando patrimônio histórico e cultural, devido a importância que a casa tem na cidade. E entre 1986 e 1991, passou por algumas reformas e aí, ganhou o nome que tem até hoje, devido o jardim maravilhoso que foi cultivado ao longo dos anos.
Em 2003, foi novamente fechado para reformas e manutenção e reaberto em dezembro de 2004, com o nome CENTRO CULTURAL CASA DA ROSAS - ESPAÇO HAROLDO DE CAMPOS, um poeta que morreu aos 73 anos de idade.
São 190 mil pessoas que visitam a Casa anualmente, de diversas idades e níveis sociais e todas foram atingidas por alguma forma. Sempre tem relatos de que a visita ali, mudou o jeito de enxergar a vida e até houveram mudanças no lado profissional.
Um dos cursos que eu sonho em fazer é o Centro de Apoio ao Escritor que auxilia pessoas que querem se tornar escritoras, através de escrita criativa, palestras e muita, mas muita pesquisa. As aulas são ministradas com profissionais capacitados que nos auxiliam a buscar a nossa criatividade. Sim, para quem não sabe, eu já escrevi 2 livros. Publiquei 1 e o outro está guardado. Uma hora, isso sai novamente.
Outra coisa melhor que isso é a Livraria Giostri, com um dos melhores temas de livros que eu já vi. É difícil ver tantos livros de arte e comunicação juntos.
Enfim, a Casa das Rosas é algo surpreendente e inacreditável. São anos de história que não cabem nesse blog.
Mas, é preciso que lugares assim tenham a consciência de popularizar a cultura e levar para as pessoas que não tenham acesso.
E é isso que a Casa das Rosas faz: democratiza a poesia e a literatura, incentivando a leitura e a criação artística, além de incentivar a população enxergar de fato a sua cidade e respeitá-la enquanto patrimônio histórico, artístico e cultural.
Estão vendo como não é difícil? Se todo mundo fizesse a sua parte, as pessoas teriam o senso crítico mais aguçado e seríamos uma sociedade mais justa e honesta. Educação e Cultura são tudo.
Telefone: 11 3228 6986 // 11 32889447
E-mail: contato@casadasrosas.org.br
Horário de Funcionamento: Terças-Feiras aos Sábados: Das 10h00 às 22h00 // Domingos e Feriados: 10h00 às 18h00 // Segundas-Feiras: FECHADO
ENTRADA GRATUITA
Proibido fotografar para livre comércio.
Então, é isso, andarilhos. A Casa das Rosas é algo incrível. Passe a tarde ali, aproveite que ainda é primavera, tire muitas fotos naquele jardim cheio de rosas lindíssimas, mas ative a paciência. A concorrência é grande. Junte a galera, seu amor, a família ou sozinho mesmo e ande por ali. Tome um café no Caffe Ristoro que é uma delícia.
Saia de casa. Sinta o vento batendo. Veja o grafitti do Oscar Niemayer te julgando. Depois, caminhe pela Paulista. Sempre há o que fazer por lá. Nem que seja para caminhar os 3 quilômetros da avenida.
Beijos floridos e até quinta!
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