quinta-feira, 23 de novembro de 2017

#84 PATEO DO COLÉGIO

Oi, oi, andarilhos! Vocês estão bem? O que vão aprontar no fim de semana?


Quando comecei o blog e achei que deveria mostrar uma São Paulo diferente e através do meu olhar, a intenção era falar o menos possível dos pontos turísticos, dos cartões postais e dos lugares mais visitados pelas pessoas. Quando levei essa proposta para a minha pós graduação de Gestão em TV, entendemos que tinha já uma galera grande indicando as mesmas coisas e falando sobre os mesmo lugares sempre! Eram as mesmas fotos, com os mais diversos ângulos e tamanhos e o meu projeto aborda lugares menos conhecidos, menos visitados e que ficasse mais concentrados em zonas que poucos se interessavam em ir.
Mas, com o blog se tornando conhecido, com uma visualização gigantesca de boa parte do mundo ( EUA, Ucrânia, Canadá, Rússia, Peru, Japão, entre outros), não tem como não falar desses cartões postais que são lindíssimos, por sinal.
Acredito que quando os gringos procuram por São Paulo na Internet, vão correndo procurar sobre os lugares mais famosos, mas São Paulo é uma infinidade de detalhes e lugares desapercebidos. Não é só no Centro que a vida pulsa. Estou aqui para mostrar esse outro lado.
Mas, hoje, conhecerão algo histórico.

Onde tudo começou. Onde a cidade começou a dar seus primeiros passos e suspiros. Apresento o PÁTEO ( OU PÁTIO ) DO COLÉGIO. Mas que colégio é esse?


O Pateo é um sítio arqueológico e a primeira construção erguida em na cidade. Em janeiro de 1554, os padres Manoel da Nóbrega, José de Anchieta e outros jesuítas chegaram aqui, a pedido de Portugal para catequizar os índios que aqui viviam. Eu fico me perguntando por que é que não deixaram esses índios em paz. Era tão difícil deixá-los curtindo Tupã e seus outros deuses?
Mas, acho que sem isso, não haveria história.
Então, nesse dia, foi realizada a primeira missa que oficializou o colégio jesuíta. E assim, nasceram o colégio e a igreja.
Cacique Tibiriçá, um dos fundadores da Cidade de São Paulo, foi muito importante para a construção da obra. Seus restos mortais estavam preservados na cripta que tem ali, mas foi remanejado para a Catedral da Sé. Acredito que seja por preservação. O metrô passa por debaixo e obviamente, tem tremores. Não dava para continuar ali.
A obra é feita através de taipa de pilão ( barro, argila, areia, etc...), construída pelo padre Afonso Brás, um dos precursores da arquitetura brasileira.
Em 1640, esses jesuítas foram expulsos daqui para impedir que os indígenas fossem escravizados, mas eles voltam treze anos depois e só em 1711, São Paulo se torna oficialmente uma cidade.
Já foi Sede do Governo, servindo de posse do governo após a expulsão dos Jesuítas, mudando o nome para Largo do Palácio. Devido a intensas reformas, o lugar ficou um pouco descaracterizado, mas em 1881, a fachada foi remodelada e abrigou a primeira sede dos Correios de São Paulo.
Há fragmentos de uma parede original de 1585, na época do antigo colégio. A primeira igreja foi demolida em 1896, o Palácio dos Governadores em 1953, até chegar no formato que conhecemos hoje, em 1979.




              *MUSEU ANCHIETA

Vale muito a pena passar uma tarde ali. O jardim é belíssimo, dá para tirar muitas fotos dele e do museu e na parte de trás, conseguimos ver, bem de longe, o Museu Catavento ( tem post dele por aqui também, é só conferir).
O museu mostra como São Paulo foi construída. Nos oferece um acervo gigantesco ( com textos, mapas e maquetes) de como a cidade evoluiu. Na primeira parte, há uma maquete de SP de como ela era sem aqueles arranha-céus espalhados era completamente cercada pelos rios da época.
O museu possui seis salas, sendo uma dedicadas a arte sacra de estilo barroco, remanescentes do século 19.
As esculturas são lindíssimas. Os detalhes são perfeitos. Não tem como não ficar horas ali admirando, mesmo se não for católico. Aproveite que eles não deixam tirar foto de nada e perceba a riqueza do material. São relicários, crucifixos, roupas, oratórios, entre outros.
Preste atenção no baldaquino. Não sei muito bem para que serve um desses, mas acho que é o item mais bonito do acervo.
A Pinacoteca é pequena, tem apenas 12 telas dos séculos XVII, XVIII e XX. A sala acende sozinha. Me assusto toda vez.
Há uma pia batismal pendurada que representa a missão dos jesuítas com os índios. Sério, fico imaginando a cara dos índios quando os padres chegaram aqui. Algum professor de história por aí sabe me dizer se eles ficavam a vontade com tudo isso?

Muitos chegam no Páteo, ansiosos para conhecer a Cripta que em uma época, figuras religiosas, inclusive o do Cacique que estavam enterradas. Mas, por questões de segurança à preservação dos corpos e por respeitos, eles foram designados a um ossário que, infelizmente, não é aberto ao público. Então, tem uma parede com dados cronológicos e a parede original da época.
A Cripta é aberta de hora em hora, durante 20 minutos. Sei lá, acho que esse tempo deveria ser aumentado, acho que contar a história de São Paulo em 20 minutos considero um pouco de preguiça.

Ainda há a Biblioteca Padre Antônio Vieira que foi inaugurada em abril de 2002, com mais de vinte mil títulos catalogados cujos temas são Literatura, Viagens, História Geral e do Brasil, Filosofia, Artes, Catolicismo, entre outros.
Caso queira pesquisar algum livro ou tema, só é possível fazer no local. Não há empréstimo de livros..

Outra coisa muito bacana, é o Café do Páteo. Para você que quer descansar, fazer hora, encontrar os amigos, tomar um café ou simplesmente almoçar, ali é maravilhoso descansar.
A torta de amora é uma delícia, mas está em falta. Comi pela primeira vez, em 2010. Se caso você quiser deixar seu rim ali, é só pedir pelo almoço. Um nhoque com abóbora não sai por menos de R$35. Eu acho caro.
É uma delícia comer e escutar o som dos passarinhos ao redor e estar conectado com a natureza.

E para quem quiser escutar as missas, elas acontecem toda terça-feira, ao meio dia e aos domingos, ao meio dia e meia. Acredito que seja um programa diferente.

Então é isso, andarilhos lindos. Contar a história do Páteo é contar séculos e séculos de história. Resumir tudo isso é algo trabalhoso, mas contar um pouquinho de como São Paulo começou a existir e sentir essa história é sua, exclusivamente sua é tão bom. Nós fazemos parte disso.
Vá descansar e respire fundo, sentado ali, pensando em nada ou em tudo.

Para quem quiser conhecer:

Endereço Largo Pateo do Colégio, 2
Telefone: 11 3105 6898
Horários de Funcionamento: Terças-Feiras aos Domingos: Das 9h00 às 16h30 // Não abre à segundas-feiras
Site do estabelecimento: https://www.pateodocollegio.com.br
Ingressos: R$8,00 ( inteira)
Meia - entrada: R$4,00

Além de intérprete de Libras, há informações em braile e acesso fácil a cadeirantes e pessoas com necessidades especiais



Durante 4 anos trabalhei ali perto. Os sinos da Igreja do Pátio sempre indicavam 9h00 e era um jeito dele me dizer que eu sempre estava atrasada. Era bom ouvir o sino todos os dias.

Bom, andarilhos. Espero que tenham curtido e vá conhecer esse lugar único, histórico e que é um patrimônio histórico importantíssimo para a nossa cidade e o nosso país.
Um dos meus lugares favoritos. Pegue sua musiquinha e divirta-se.

Para onde irei agora?

Beijos, beijos, beijos!












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