quinta-feira, 2 de novembro de 2017

#78 BRÁS

Hello, andarilhos! Um excelente feriado para todos vocês. O que vão fazer hoje?

Eu vivo dizendo por aqui que eu detesto multidões. Detesto mesmo. A não ser quando eu vou para shows, o que é bem diferente, mas com ressalvas. Tento me abstrair. Mas, enfim...
Em maio desse ano, publiquei um post sobre o Bom Retiro. Tive que ir lá para garimpar um vestido de madrinha de casamento. Lugares populares me assustam um pouco...
O lugar de hoje é referência nacional e mundial em referência de roupas, calçados, lingeries, tecidos e outros cacarecos. Gente do mundo todo vem fazer compras por aqui devido ao baixo preço e variedades encontradas.

Apresento o bairro do BRÁS. Quando um lugar é muito conhecido, maior a concentração de pessoas. Como meu pai trabalha lá há mais de 30 anos, eu estou um pouco de saco cheio de andar por ali ( foi uma infância inteira indo trabalhar com ele e conhecendo clientes) e encarar um Brás, num sábado à tarde, é preciso reunir toda a paciência que eu não tenho, o meu psicológico em saber que eu irei trombar com milhares de pessoas com todas as sacolas do mundo no braço, carrinhos e mais carrinhos, malas, gente perdida e muito mais.
Mas, não adianta. Não dá para fazer a festa do caqui, fazendo suas compras em lojas de shopping. Sério. O Brás, além de muito barato, a variedade é imensa e as roupas são bem melhores. Desculpem, pessoas. Sabe aquela sua roupa de marca favorita??? Pois é, o que vale é a etiqueta. Aquela sua roupinha que você acha que vem dos EUA, da Itália ou da França, é confeccionada no Brás, sabiam? Se não sabiam, saibam agora...
As ruas mais famosas e as mais procuradas são o Largo da Concórdia e a Rua Oriente. Outro lugar muitíssimo procurado é a Feirinha da Madrugada que funciona até às 15h30 da tarde ( para mim, um lugar que tem a madrugada no nome, deveria funcionar até as 6 da manhã, não entendo, mas vamos para a próxima...).

No século XVIII, havia um proprietário de terra ali na região, chamado José Bráz. Era dono de uma chácara que ficou muito conhecida como "Os caminhos de José Bráz" que logo depois passou a ser chamada Rua do Bráz e que hoje é a famosa Avenida Rangel Pestana.
Na metade desse século, em torno das terras desse homem poderoso, foi construída uma capela em homenagem ao Senhor Bom Jesus do Matosinho, do qual começava a se formar a povoação.
Nessa época, muitas famílias ricas habitavam essa região e a comunidade italiana começava a chegar a se instalar também no Brás. Muitos ficavam na Hospedaria que começou a funcionar em 1887. Já falei dela por aqui no post do Museu da Imigração. Confira lá também.
São Paulo exportava café e da Hospedaria muitos optavam em trabalhar nas lavouras do interior ou ficar por aqui na capital e assim, o bairro ficou com uma característica italiana muito forte, se transformando em uma pequena Itália.

O Brás, assim como a Penha, tinha um caminho estreito para o Rio de Janeiro, o que facilitava em viagens a negócios.
Com o café em ascensão, inevitavelmente o Brás e São Paulo não demoraram muito a crescer e a se povoar. Era o desenvolvimento chegando. Em 1886, o Brás tinha apenas 6 mil habitantes e em um curto espaço de tempo, aumentou consideravelmente devido à imigração, oportunidade de emprego e melhorias de vida.
Como já relatei no post do Museu da Imigração, não acho que a Hospedaria tratava bem esses imigrantes. Vemos pelas fotos, os olhares de sonhos perdidos, cansaços, talvez escolhas erradas e desejo de uma vida melhor. Você só tinha direito a uma refeição por dia. E se caso sentisse fome mais de uma vez? Como fazia?

E no começo do século XX, a comunidade italiana ainda era muito forte ( as festas são comemoradas desde então: Festa de São Vito, tradição desde 1919 e em 1940, foi construída a catedral de São Vito, depois da imagem ser trazida para o Brasil ), a comunidade grega também é muito forte ( conheça a Catedral Ortodoxa Grega, comunidade armênia com uma forte presença das indústrias e produtos lindíssimos e madeireiras na Rua do Gasômetro - essa rua é muito fofa, só há materiais de construção, é lindíssima e dá para ir ao Museu Catavento a pé). O trânsito é terrível, mas onde em São Paulo que não há trânsito?

E por falar em anos 1940, foi nessa época que uma seca muito forte atingiu a Região Nordeste do Brasil. Então, procurando uma vida mais digna, os migrantes nordestinos chegaram por aqui progressivamente e se instalaram na região. Os italianos começaram a se dissipar e a procurar outros lugares para se viver. E a partir dali, com a perda da essência e características italianas, o Brás ficou essencialmente nordestino: comida, roupas, músicas e costumes.
O que ajudou bastante também foi a construção e a inauguração do metrô em São Paulo da década de 1970 que desapropriou mais de 900 casas para que o percurso de trem, metrô e pessoas ficassem, mais rápido, fácil e acessível.
E foi nesse década que o Brás começou a se tornar conhecido por causa do come´rcio popular de roupas, calçados e acessórios, até se tornar o que é hoje.
Apesar de ter perdido a característica inicial, andando pelas ruas, vejo alguma casas antigas e lugares que as construções de grande porte e que pertenceram às famílias mais endinheiradas, ainda estão lá. Sem uso, se definhando com o tempo, mas estão lá, firme e forte, esperando que alguma coisa seja feita.

Hoje,  muitos coreanos e a comunidade boliviana transitam por ali. A presença deles é muito intensa. Volta e meia, eles fazem festa ali. Sempre aos domingos. Sonho em participar de alguma. Um dos meus sonhos é conhecer a Bolívia. Sério!

Então, viram como o Brás não é só roupas? Tem uma história e uma tradição muito forte. Para quem quiser enfrentar a multidão, indico:

- A Feirinha da Madrugada;
- O Lojão do Brás;
- A Galeria Pagé com G mesmo;
- O Largo da Concórdia;
- O Mega Polo Brás
- Rua Oriente

Quem quiser conhecer mais: Acesse o site da Feirinha da Madrugada: http://www.feiradamadrugadasp.com.br
Meu Deus, compras online! SENHOR!

E mais centenas de lojas bacana para fazer a festa e voltar para casa com um mundaréu de sacola. Vá com roupas confortáveis, evite andar de bolsa, não leve dinheiro, use calçados confortáveis, tome bastante água e vá ser feliz.
Tome muito cuidado com os seus pertences e vá com muita paciência e tolerância a gente que anda devagar na sua frente. Coisas que eu não tenho!

Espero que tenham gostado e me contem se vocês gastaram muito ou não.

Beijos! Beijos! Beijos!





Nenhum comentário:

Postar um comentário