Todos esses pontos ruins que eu citei primeiro, surgem da nossa educação também e é necessário fazer a nossa parte para que a gente consiga viver na cidade que queremos.
Enfim, não entendo esse povo que diz que São Paulo não tem verde. Eu não gosto do apelido dado: SELVA DE PEDRA.
Então, resumindo, se você enxerga São Paulo como uma única e exclusiva selva de pedra, te convido a andar comigo, porque a cidade que eu enxergo é muito diferente do que os outros enxergam.
Quem acompanha o blog sabe o quanto eu pesquiso e tento encontrar os lugares mais diferentes possíveis. Simplesmente acho que o que é melhor está escondido e precisa ser aproveitado. Precisa ser conhecido. E com essa minha busca, tenho descoberto lugares maravilhosos e incríveis, completamente fora do Centro de São Paulo.
São Paulo não é só Centro, Avenida Paulista e arredores. Pode ser mais fácil de chegar até eles, mas espero que vocês sejam como eu. Gosto de extremos e sou do tipo que atravessa a cidade no meio da rodovia Raposo Tavares, a pé, na chuva, só para tomar um sorvete e voltar. É disso que eu gosto. Dessas aventuras meio bobas, mas que acrescentam e muito. Vou contar sobre isso depois.
Parte dessa aventura, contarei agora.
Vamos conhecer a CASA DO BANDEIRANTE?
Erguida entre os séculos XVII e XVIII, é uma construção bandeirista no período colonial da cidade. Feita à taipa de pilão ( acho um charme esse tipo de construção), possui 350 metros divididos em 12 cômodos. A casa é bem grandinha e como os cômodos se parecem, você se confunde um pouco ao andar por lá;
Documentos afirmam que a casa pertence ao ano de 1566.
Falar sobre a Casa do Bandeirante e não falar de História é praticamente impossível e como é um dos lugares mais antigos da cidade, quando a colônia portuguesa se encontrava por aqui ainda, vou tentar resumir por que eu não sou professora de História, apesar de gostar bastante. O andarilho é, eu não. Qualquer dúvida, é com ele.
A história de São Paulo se resume muito a café, rios e missões jesuíticas. Esses rios faziam parte de caminhos indígenas e facilitavam na exportação de produtos. São Paulo tinha muitas vilas rurais e os próprios portugueses e jesuítas que não tinham dinheiro e já estavam de saco cheio de ordens da Coroa, fugiram do litoral e chegaram por aqui. E foram essa pessoas que acabaram fundando São Paulo; gente muito pobre e índios que viviam perto das vilas. Para fugir da pobreza extrema, a ideia era buscar ouro no sertão e escravizar índios que viviam sob terras inimigas.
Então, dessa forma nasceram as Bandeiras e por fim, os bandeirantes, que foram os nomes dados aos colonos portugueses que no fim, foram para essas expedições.
Andarilhos, já imaginaram alguma vez na vida de vocês que o Tietê já foi limpo um dia e que tinham homens dentro dele para caçar sabe-se lá o quê? Não devia ter ouro no Tietê, então acredito que só devia ser passagem mesmo.
Os mais conhecidos foram o Manuel Borba Gato e o Bartolomeu Bueno da Silva. Esse, a estátua dele está bem em frente ao Parque Trianon na Avenida Paulista. Espero que vocês não tenham fugido da aula de História.
Então, essa casa lindíssima remete a memória da cidade. E deram o nome dessa terra que ficava ao redor do rio, de Uvatantan que significa "Terra Dura".
Essa casa pertenceu ao casal português Alfonso Sardinha e esposa que logo depois, deixaram a casa para os jesuítas que foram expulsos em 1759. Depois disso, essa casa, foi à leilão e mais um casal se tornou proprietário para que finalmente, uma empresa comprasse o imóvel. Essa empresa, Companhia City, percebendo a importância histórica, doou para a Prefeitura, assim como os arredores.
Eu já falei por aqui que eu amo uma construção a base de taipa de pilão ( barro socado, areia e argila). Pode não parecer, mas isso é mais resistente que qualquer cimento. Feito da maneira certa, por quem sabe, é uma beleza. Por quase duzentos anos, esse foi o tipo de construção mais utilizado nessa época, antes do desenvolvimento chegar. Mas, ainda assim, foi essencial para o crescimento não só da nossa cidade, como nos arredores também.
Precisamos falar sobre o Jardim.
São Paulo pode ser caótica como também pode ser tranquila e serena.
A fauna e a flora são intensas. Se você tem medo de insetos, talvez não fique tão à vontade. Tome cuidado no jardim, há muitas teias de aranhas e elas são gigantescas. Não sei se são venenosas ou não. Então, cautela sempre. Eu consegui tirar fotos, mas elas pulam e dá para assustar. Não é algo tão legal assim.
Eu poderia ficar horas naquele jardim, escutando os passarinhos, sentindo o vento na cara, brincando no balanço que fica em um parquinho que tem ali, vendo os bambuzais e tirando a foto do moedor de milho do século XVIII. Andei, andei, andei e não encontrei esse moedor. Perdi tempo demais tirando foto das aranhas.
E, naquela época, havia plantação de ervas medicinais. E é uma pena que não há identificação das árvores. Sério, eu queria entender o porquê disso, já que eu não sou botânica e nem adivinha.
Preste atenção nas flores. São maravilhosas.
A sensação é de que se está em uma fazenda, esperando pelo seu café, enquanto o dono do sitio foi cortar lenha para acender o fogão.
Fogão esse que não existia, pois os paulistas haviam adquirido os hábitos dos índios: o de cozinhar ao ar livre.
Ainda assim, a Casa do Bandeirante só foi tombada e protegida em 1983 pelo CONDEPHAAT ( Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Turístico, Artístico e Arqueológico ).
O bom é que os funcionários nos deixam livres para tirar fotos.
Uma coisa que me intriga e muito é; quando eu fui pegar o endereço na Internet, por curiosidade, resolvi dar uma olhadinha na opinião das pessoas que já tinham ido e muitas delas, falaram que não tinha graça nenhuma, que não tinha nada para fazer, que ali era muito parado, que o museu era pobre, entre tantos outros.
O que as pessoas queria que tivessem ali? Uma fanfarra recebendo o visitante com música? Um show de stand-up, um trio elétrico com a Ivete Sangalo e Daniela Mercury juntas? Bloquinhos de Carnaval com um monte de gente fantasiada?
Acho que a galera ainda não entendeu o conceito de sítio arqueológico. Museu e sítio são coisas completamente diferentes.
Para quem quiser conhecer:
Telefone: 11 30310920
E-mail: museudacidade@prefeitura.gov.br
Horário de Funcionamento: Terças-Feiras aos Domingos: Das 9h00 às 17h00 // Segundas-Feiras: Fechados
Site: http://www.museudacidade.sp.gov.br/casadobandeirante.php
ENTRADA GRATUITA
Então, é isso, andarilhos. São Paulo tem mais de 450 anos de história e cada pedacinho sussurra em nossos ouvidos. Precisamos estar atentos e conhecer aquilo que não é tão falado.
E são através dessa casinhas que mostram o quanto tudo isso foi importante para o desenvolvimento da nossa cidade. E que não podemos esquecer do nosso passado jamais. É a nossa identidade.
É muito bom ver o que a nossa cidade oferece.
E eu sempre digo que São Paulo não é só MASP, Terraço Itália, Parque do Ibirapuera e etc... ela vai muito além. Seja curioso. Vá além do que você enxerga.
É tão bom.
Espero que vocês tenham gostado e sinceramente, é um dos melhores lugares que eu já fui. Espero voltar o quanto antes.
E já me perguntaram. Vale a pena sair da Penha - Zona Leste só para ir a uma casa bandeirista do século 17, lá na Zona Oeste, no outro extremo da cidade?
Vale, vale muito... para mim, muito além da chegada do destino, o que me importa é o caminho.
Depois me contem o que acharam. Combinado?
Beijos e até semana que vem!
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