sexta-feira, 20 de abril de 2018

#118 SÍTIO DA RESSACA

Olá, andarilhos lindos. Tudo bem com vocês? O que vocês vão aprontar por hoje?

Hoje temos mais um post histórico. É impossível falar de qualquer lugar, sem tocarmos em sua história. E como é bom saber mais sobre a sua cidade e de que forma ela se desenvolveu.
E vamos a mais um sítio arqueológico. Sim, mais um e terá por aqui, todos os que eu conseguir visitar. Esses lugares são maravilhosos e vale a pena conhecer.
Chuva de sítios arqueológicos. E é muito engraçado, por que dá a entender que todos parecem ser iguais ou ter histórias parecidas, mas não. Cada um tem a sua particularidade, a sua história, detalhes diferentes e como cada lugar se diferencia do outro.
É maravilhoso sair de casa e saber que lugares como esse existem.
Quem me pergunta o porquê de estudar história, eu respondo que um lugar ou uma pessoa só é o que é por causa do seu passado e o que ela fará com o seu futuro é o que ela fez lá trás. Por isso, que o passado é importante. Para aprendermos com ele e não repetirmos os mesmos erros. Mas, ficar preso nele jamais.


Vamos conhecer o SÍTIO DA RESSACA? A Casa do Sítio da Ressaca é mais uma de construção bandeirista, feita  à base de taipa de pilão ( barro, areia e argila ). Se você chegou aqui pela primeira vez, saiba que eu adoro uma construção feita dessa forma. Acho muito bonitinha.
Ela não é muito assimétrica, o que diferencia um pouco das características dessa construção e de outros sítios já falados por aqui.
Ela é localizada no antigo caminho para Santo Amaro que era banhado pelo Córrego Barreiro também chamado Fagundes e Ressaca, daí o nome. E ela existe desde 1719, conforme descrição em sua fachada. Ela não é a mais antiga, a Capela de São Miguel Arcanjo e a Casa Bandeirista são mais. Confiram os outros dois posts depois.
As telhas são originais e algumas discrições estão nelas talhadas, como o nome de oleiros. As portas e batentes, toda feita em canela preta, são originais e lindíssimos. Altamente resistentes.
Aliás, esse tipo de construção foi muito utilizado por aqui até metade do século XIX, talvez por ser mais fácil e um meio mais barato de construir casas, já que a transposição pela Serra do Mar ainda era muito difícil.

Ela não é muito grande, se compararmos com a Casa do Bandeirante que e enorme, que também já falei por aqui, possui apenas 6 cômodos, incluindo o alpendre. O que eu não sabia que o telhados foram construídos por escravos.

Muito antes de ser tombada e ser aberta à visitação, como era costume, esses tipos de casa passaram por muitos donos. Essa, o primeiro dono, foi o Sargento-Mor Lopes de Medeiros e depois foi vendido para o Capitão Manuel Dávilla. Só gente importante.
O nome "Ressaca" só aparece em 1780, já com outra proprietária que fazia que fazia questão da medição de braçadas e léguas. Será que isso era importante na época? Para mim, é a mesma coisa daquela sua vizinha doida que varre a calçada loucamente. Sabe?
Mas, ainda assim, ela juntou documentos que indicaram que o Sargento Mor foi proprietário antes dela e depois disso, foi vendido a um padre e depois, à beata Úrsula.
Logo após da irmã, o Sítio teve mais 6 proprietários, até que chegou para o último proprietário, em 1908, Antônio Chiarella, o responsável por urbanizar o bairro do Jabaquara e foi um sítio familiar até 1969.
Aliás, a estação Jabaquara foi a primeira estação do metrô quando foi inaugurado em 1974 e levava até Santana, na Zona Norte.

E então, a casa foi desapropriada em 1978. Como é absolutamente normal, depois de tanta gente ter morado ali, ela estava um pouco danificada e durante dois anos ( 1978-1979), passou por restaurações para reavivar o que tinha sobrado. Então, optou-se em construir um outeiro, uma espécie de elevação do terreno para melhorar a sustentação dos muros.
Obviamente, depois de tanta gente ter passado por ali, encontraram vestígios arqueológicos, como moedas, conchas metálicas, utensílios domésticos, louças, fragmentos de ossos, estacas de apoio e até pedaços de carvão.
Eu vivo dizendo por aqui que cada vez que eu vou a esses lugares, a vontade de mandar escavar a terra na minha casa é ainda maior.

Em 1986, um incêndio acabou com a casa e novamente, teve que passar por um novo restauro e logo em seguida, foi tombada e considerada Patrimônio Histórico pela IPHAN ( Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional ). Após isso, passou a integrar o Centro Cultural Jabaquara abrigando eventos e exposições, além da Biblioteca Municipal Paulo Duarte.
Além disso, promove atividades voltadas à memória da presença afro-brasileira na região.


De todos os sítios arqueológicos que eu fui, esse foi o que eu menos me senti à vontade. Fui questionar se poderia tirar fotos. Não me deixaram, até aí nada demais. É normal.
Eu não gosto de gente me seguindo. A menina para quem eu perguntei, não desgrudava de mim e do andarilho. Eu não solicitei visita guiada, então o que ela deveria ter feito? Ter respondido as minhas perguntas, ter dado no pé, ficar na salinha dela e ter me deixado em paz. Não consegui ler e ver nada direito. Eu sou um pouco claustrofóbica. Então, gente que eu não conheço, se fica muito perto de mim, me desconcentra e me deixa ansiosa de um jeito horrível. Se tivesse algo para ser roubado, eu até entenderia, mas não. Não havia nada que eu pudesse fazer de suspeito. Até pedi para ela me deixar em paz educadamente, mas ela não entendeu e eu quis sair de lá o quanto antes. Papagaio de pirata comigo, não rola.

O que é bonito mesmo é o jardim. Bambuzais são a coisa mais linda do mundo e é muito engraçado ver a mistura da natureza e do urbano juntos. É muito legal.
Eu não gosto de falar do termo "lugares que nem parecem que estamos em São Paulo". Aí é que é a coisa mais legal. Temos o senso-comum de acharmos que São Paulo só tem barulho, trânsito, chuvas, gente, gente, gente...
Aliás, ao sair do metrô Jabaquara, você escuta gente gritando vendendo excursão para a praia. É tanta gritaria que dá um alívio quando chegamos a Ressaca.
Não, não... São Paulo é caótica sim, mas se você souber procurar, mas procurar de verdade, você encontra paz, tranquilidade e serenidade.
Você vive na São Paulo que quiser. Só basta saber conhece-la melhor.
Ah, e como tem um verde muito intenso, JAMAIS, mas JAMAIS mesmo, vá de chinelo, vestidos ou rasteirinhas. Eu cometi essa bobagem.

Eu queria ter conhecido a biblioteca, mas como eu sempre gosto de ver tudo antes de ir embora, já tinha fechado e só me restou me programar para ir outro dia.


Endereço: Rua Nadra Raffoul Mokodsi, no 3 - Jabaquara - Linha Azul do Metrô
Telefone: 11 50117233
E-mail:museudacidade@prefeitura.sp.goSite: http://www.museudacidade.sp.gov.br/sitiodaressaca.php
Horários de Funcionamento: Terças-feiras aos Domingos: Das 09h00 às 17h00 // Segundas-Feiras: FECHADO
ENTRADA GRATUITA
Visitas guiadas no local.

Então, é isso, andarilhos. Acredito que seja um lugar que mereça a visita. Você verá grupos cantando e dançando também. É uma ótima pedida para sair de casa e descobrir lugares novos. Como eu adoro andar, saber que São Paulo não se resume ao Centro e a Paulista é muito bom.
Faça esse exercício com você mesmo. O seu mundo irá ficar mais completo. Isso é maravilhoso.

Beijos e bom feriado! Até semana que vem.
















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