sexta-feira, 28 de setembro de 2018

#164 CAIXA CULTURAL SÃO PAULO

Olá, andarilhos. Vocês estão bem? O que vão aprontar no fim de semana?

É incrível como as coisas que são planejadas antes como um roteiro, mudam ao longo do tempo. Quando o blog nasceu, com o intuito de se tornar um programa de TV e ainda continua, eu queria nadar contra a corrente. Queria mostrar os lugares mais esquisitos, curiosos e diferentes pela cidade. Mas, com o passar do tempo, vi que simplesmente não dá. Se eu quero abordar todos os diferentes tipos de públicos e nessa leva, há pessoas que não gostam tanto do diferente assim e que são mais lógicas e básicas, percebi que era necessário mostrar pontos turísticos mais famosos.

Eu não gosto muito de falar o que todo mundo fala, mas aí é a minha visão, diferente dos outros e que pode tornar mais legal ou não.
No começo do mês, tivemos o incêndio no Museu Nacional do Rio de Janeiro e percebi o quanto as pessoas não vão, por falta de hábito, de conhecimento e de procura. A televisão não mostra o suficiente e de acordo com dados da UNESCO de 2017, mais de 70% ( EU DISSE 70%) NUNCA tinham ido ao um museu.
É um dado extremamente preocupante, alarmante e inconsequente.
Precisamos tirar da cabeça das pessoas que museu é chato ou não divertido. Chato é ser burro e não ter conhecimento.

Com toda essa revolta de agora, vamos para um lugar que eu considero muito e é um dos edifícios mais lindos que São Paulo tem.
Vamos passar algumas horas na CAIXA CULTURAL SÃO PAULO?


Tudo começou em 1989, com o nome "Conjunto Cultural da Caixa". O que esse nomezinho quer dizer? Que é um dos principais centros culturais do Brasil, mantidos pela Caixa Econômica Federal. Além de São Paulo, tem no Rio de Janeiro, Salvador, Recife, Fortaleza, Curitiba e Brasília.
A antiga sede do banco foi inaugurada em 1939, por Getúlio Vargas.
Desde então, visa promover a cultura de diversas formas. Mantém uma programação permanente de atividade como literatura, exposições lindíssimas ( já passou de Carmem Miranda até os 50 anos da TV brasileira), sessões de cinema, leituras dramáticas, palestras, entre outros.

A sede de São Paulo é a 2a mais antiga do Brasil, perdendo somente para a de Brasília, se eu não me engano.
Em 1907, ficava a agência bancária e só depois passou a ser o escritório de serviços administrativos, após uma série de acordos financeiros realizados.
São 17.000 mil metros quadrados, em um projeto arquitetônico lindíssimo e de estilo art-déco ( estilos geometrizados, linhas circulares ou retas estilizadas. Procurem saber mais, tá? História da Arte é tão legal).
Essa ostentação toda mostrava a cabeça de Getúlio Vargas que queria mostrar uma São Paulo próspera, bonita e rica.
Vemos isso logo na entrada que nos saúda com sua imponência. Já li relatos de que não acham a construção bonita. Sei lá, gosto é gosto, mas não ser bonita, já é um pouco demais.
Para se ver a magnitude da construção: foram usados materiais de diversos lugares - vidros da Inglaterra, mármores da Itália e diversos elementos dos EUA. Além da marcenaria que ficou sob a responsabilidade da Escola Liceu de Artes e Ofícios ( aliás, esse é um lugar que eu PRECISO visitar).


O prédio tem inúmeras salas para exposições. Ao todo são 5, além do auditório com capacidade média de 50 pessoas e sala de oficinas com atividades lúdicas e didáticas destinada a 40 pessoas por programação.
Mas, essas salas são extremamente importantes:



  • GRANDE SALÃO: Esse nome que parece que saiu de um algum livro de fantasia, tem um grande vitral mostrando os trabalhadores de São Paulo. É com o maior espaço para exposições. Acredito que as mais importantes estejam ali;
  • GALERIA FLORISBELA DE ARAÚJO RODRIGUES: É para exposições menores e uma grande homenagem a essa vovó que foi a primeira pessoa a abrir uma caderneta de poupança, em 1875. Será que ela morreu rica?;
  • GALERIA DOM PEDRO II: Essa galeria fica no térreo e também é um pouco menor. É uma grande homenagem ao fundador da Caixa Econômica.
  • GALERIA NEUTER MICHELON: Fica no 1o andar e é uma homenagem ao primeiro gerente destinado a cultura do prédio.
  • GALERIA HUMBERTO BETETTO: Fica no 2o andar e também é uma homenagem a um antigo funcionário do banco. O que será que ele fez para ser homenageado? Muita hora extra? Largou um pouco da sua vida e se dedicou somente ao banco? Fez a diferença e chegou lá? ( Lá onde, meu Deus do Céu?)

Enfim, chegamos a minha parte favorita. Sim, o Museu da Caixa. Apesar das exposições lindas que tem no prédio, esse museu é permanente.
Em uma área de 1.200 metros, são divulgadas a memória e o patrimônio da Caixa Econômica Federal. São mais de 5.000 itens ( entre mais de 3.000 fotografias, documentos, além de inúmeros objetos) que contam a história do sistema financeiro.

A Sala da Presidência se mantem original e intacta. Por lá, encontramos: livro de ponto, a primeira caderneta de poupança, a primeira ata ( todas do ano de 1875), retratos do Presidentes que passaram por lá, retratos dos antigos funcionários ( em uma era que que proatividade pouco importava e ficar trabalhando milênios em uma mesma empresa era sinal de estabilidade e bom profissionalismo), a Sala de Serviço Médico com equipamentos cirúrgicos utilizados até o começo do século XX e uma simulação da agência da época com objetos da década de 1920, 1930 e 1940.
Também irão ver, inúmeros objetos históricos relatando a história do dinheiro no Brasil, como surgiu a loteria, como era aplicar o seu dinheiro a uma poupança na época, diversas cédulas e moedas antigas ( muitas dessas já passaram por nossas mãos), painéis fotográficos, entre outros.

É um barato ver calculadoras antigas, máquinas de escrever, máquinas de escritórios e outros artigos que hoje só vemos em antiquários.
Eu já relatei aqui em diversos posts, que muitas pessoas, na São Paulo antiga, ir ao banco era um evento inestimável. Conversar com o gerente então, era algo de extrema importância.
Pessoas mais ricas se arrumavam intensamente para ir ao teatro, coquetéis e ao cinema. Hoje, acho que esse hábito se perdeu um pouco.
Pessoas com menos dinheiro se arrumavam mais e colocavam a melhor roupa quando o assunto era ir ao banco ou pagar uma conta. Ir ao Centro de São Paulo ( pessoas antigas ainda falam "ir para a cidade". Eu achava engraçado antes e hoje e entendo o porquê) era um evento totalmente fora da rotina.

Ir a Caixa Cultural é uma visita aos nossos antepassados. É muito gostoso ver os hábitos de pessoas daquela época.
E o mais incrível é você estar ali naquele prédio e ter o privilégio de ver a Praça da Sé e a Catedral de cima. É algo inexplicável. Por mais que a Catedral seja um lugar que quase todo mundo conhece, não tem como enjoar de ver, de ir ou de contemplar.

Endereço: Praça da Sé, 111 - Centro ( Metrô Sé - Linha Vermelha )
Telefone para informações e bilheteria: 11 3321 4400 Site: http://www.caixacultural.com.br/SitePages/unidade-informacoes-gerais.aspx?uid=9 ( Há programações para o mês de Outubro já - Dias das Crianças e Professores)
E-mail: caixaculturalsaopaulo01@caixa.gov.sp
Horário de Funcionamento: Terças-Feiras aos Domingos: Das 09h00 às 19h00 // Segundas-Feiras: FECHADO
NÃO POSSUI ESTACIONAMENTO
ENTRADA GRATUITA
POSSUI WI-FI




Então é isso, andarilhos. Mais um museu para a conta e acho que esse é um passeio essencial para conhecer mais a nossa cultura e o valor do dinheiro. Entrar nesse lugar é sentir a energia de uma São Paulo próspera e que contribuiu muito para a riqueza do nosso país.
Conhecer prédios tombados é extremamente crucial para o nosso conhecimento interno. Ainda mais esse que está no coração de São Paulo, pertíssimo do Marco Zero, onde tudo começou.
Era uma vez...

Beijos financeiros e até quinta-feira!

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