quarta-feira, 5 de setembro de 2018

#157 BECO DO PINTO

Olá, andarilhos. Tudo bem com vocês? Vamos andar nesse feriado?

Como estamos chegando a mais um feriado que deveria ter uma importância sem tamanho, vamos a mais um local histórico.
Eu canso de repetir aqui que as pessoas deveriam conhecer melhor o seu quintal, antes de viajar para o quintal do vizinho. Conhecer museus e lugares ao seu redor aqui antes de disputar um espaço no Museu do Louvre para ver a miniatura da Monalisa, deveria ser a melhor coisa a fazer.
O lugar de hoje é mais um sítio arqueológico, colado ao Pateo do Colégio, Solar da Marquesa e a Casa da Imagem. Na verdade, é um quarteto fantástico. Um complementa o outro e cada um tem a sua história.

Vamos nos perder no BECO DO PINTO?

Ali, o que é o Solar da Marquesa de Santos, casa da amante de Dom Pedro, hoje e no século 19, foi propriedade do Brigadeiro José Joaquim Pinto de Moraes Leme.
Na época, foi conhecido como o Beco do Colégio, mas também foi caminhos para atravessar da parte alta para a parte baixa da cidade, além de ter sido trânsito para pessoas e animais. Os escravos utilizavam muito aquela passagem para despejar lixo e buscar água. O caminho também ligava o bairro da Sé até o Rio Tamanduateí.
Por ser um espaço sinuoso e difícil, muitos não queriam ir até a parte de baixo para despejar o que não lhe serviam mais, deixando o beco completamente cheio de sujeira.
O Brigadeiro, muito incomodado com a situação e com razão, resolveu fechar a passagem com um portão. Só que essa atitude foi contestada pelos vizinhos e pelas pessoas que passavam ali, todos os dias.

Ele foi denunciado e a Câmara Municipal na época, proibiu a atitude dele. Depois de alguns anos, ele foi notificado judicialmente por ter ampliado o seu quintal e também novamente a construção de um muro, estragando a casa vizinha, que hoje é a Casa da Imagem.
Desde que o mundo é mundo, o vizinho com a vassoura na calçada existe. Deus me livre!

Enfim, o muro foi demolido em 1926 e a casa foi adquirida pela Marquesa de Santos em 1934. Aliás, já falei do Solar por aqui (https://somosandarilhos.blogspot.com/2018/02/98-solar-da-marquesa-de-santos.html) e a Casa da Imagem (https://somosandarilhos.blogspot.com/2018/02/102-casa-da-imagem.html)
Após a sua compra, ela conseguiu que o muro fosse demolido e a passagem fosse fechada e a Câmara prontamente atendeu. Pois é, gente importante, da realeza, de sangue nobre, jamais teria o seu pedido negado.
Mas, ainda assim, pessoas ainda passavam por lá. Sei lá, dava-se um jeito e só em 1912 com a abertura da Ladeira do Carmo, atual Rangel Pestana no Brás, as pessoas entenderam que não eram mais para passar pelo Beco e ele perdeu totalmente a sua importância, até chegar os anos 1990.

Acredito que o vizinho doido da vassoura não tinha ideia da importância que o Beco teria mais tarde. Em seus pouco mais de 368 metros quadrados, quando começou a escavação para estudo histórico, foram encontrados vestidos de louça, cerâmica, vidro, ossos, grafite, assim como estiletes e facas utilizados pela delegacia de polícia que funcionou ali no Solar no começo do século XX. Eu conto tudo no post do Solar da Marquesa.

E o seus portões em seu estilo neoclássico ( preferência pela cor branca, uso de materiais nobres, formas simétricas, entre outros ) com o brasão do Brasil em alto relevo, é aberto ao público e daí, entendemos a preguiça do povo relutar em passar pelo outro lado, mesmo não tendo escolha. Existe uma escadaria grande que ora é plana, ora é inclinada. Então, novos portões e grades foram colocados para facilitar o acesso, sem perder as características do que era, além dos novos calçamentos.

Então, em 09 de Setembro de 1988, o Beco foi tombado, hoje é protegido e nada pode ser violado, mexido ou estragado. Ele é um importante marco histórico por causa de sua intensa história durante a época de um Brasil colonial.
Eu conheci o Beco do Pinto na época da faculdade e diz a lenda que tinha esse nome por causa dos encontros amorosos da Marquesa com o Dom Pedro. Sinceramente, eu preferia essa versão e foi um tapa na cara quando eu descobri a história verdadeira.

E, com isso, fecho a quadra ( Pateo do Colégio, Beco do Pinto, Solar e a Casa da Imagem ). São lugares fantásticos que remontam a São Paulo do século 19. Andar por ali, nos faz sentir que estamos em uma cidade cinematográfica. Afinal, foi ali no Pateo do Colégio que São Paulo deu seu primeiro suspiro. É para ficar um dia inteiro se deliciando com esse cantinho tão único.

Endereço: Rua Roberto Simonsen, 136B - Sé
Telefone: 11 3106 5122
Horário de Funcionamento: Terças-Feiras aos Domingos: das 9h00 às 17h00
Site: http://www.museudacidade.sp.gov.br
E-mail: museudacidade@prefeitura.sp.gov.br
ENTRADA  GRATUITA
NÃO HÁ ESTACIONAMENTO


Então, é isso andarilhos. Faça esse passeio histórico e descubra o quanto a sua cidade pode ser incrível. Em tempos tenebrosos como o que estamos vivendo e com o que aconteceu com o Museu do Rio de Janeiro, não podemos prever o que pode acontecer no futuro. Vem tempos difíceis por aí. Vamos aproveitar enquanto ainda dá tempo. Só o conhecimento nos salva.

Beijos patriotas e até sábado. Ahhhh, a partir de sábado, farei uma série de posts falando sobre a Penha novamente. É aniversário dela... então, vamos comemorar!


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