#179 TEATRO CACILDA BECKER + "HOLLYWOOD" - ENCERRADO

Hello, andarilhos. Tudo bem com vocês? Aproveitaram bem o feriado?


Acho que eu não preciso mais dizer por aqui o quanto eu amo teatro. Talvez seja uma das minhas coisas preferidas na vida.
Não entendo quem não gosta. Respeito, mas não entendo. Assim como não entra em minha cabeça quem prefere ficar em bar completamente lotado, amontoado de gente, disputando espaço e comendo e bebendo de pé. Não acho confortável. Mas, enfim gosto é gosto. Eu prefiro passar o tempo sentadinha, ouvindo uma bela história contada por quem sabe e andarilhando, obviamente.

Vamos conhecer o TEATRO CACILDA BECKER e assistir a peça "HOLLYWOOD"

Cacilda Becker nasceu em abril de 1921,em Pirassununga. Aos 9 anos, seus pais se separaram e ela foi morar em Santos com sua mãe e irmãs. Já crescidinha, começou a frequentar bares frequentados por artistas, já que por sua condição social, ela não poderia frequentar os bairros da elite e nem ser amigas dessas pessoas.

Acho que ela deu Graças a Deus por ser pobre, pois frequentando lugares em que a arte e cultura eram valorizadas, começou no teatro como amadora e se profissionalizou em 1948. Em 30 anos de carreira, encenou 68 peças, fez 3 filmes e 3 novelas, se tornando uma das mais importantes atrizes brasileiras.

Cacilda foi casada 3 vezes, sendo o último com o ator Walmor Chagas. Durante o espetáculo, "Esperando Godot", em abril de 1969, junto com o marido, ela sofreu um derrame cerebral. Foi levada para o hospital com a roupa do espetáculo e depois de um mês em coma, faleceu, deixando muitos fãs órfãos de seu talento e carisma.
Então, em sua homenagem, em 25 de Janeiro de 1988, foi inaugurado o Teatro Cacilda Becker, na Lapa, o único da região. Ficou fechado para uma reforma e revitalização e reaberto em 2009.
Infelizmente, não sei porque catzo teatros públicos não tem cafeteria. O Teatro Alfredo Mesquita que eu já falei por aqui, não tem também e não tem nenhum lugar perto para comer e a mesma coisa acontece com esse. Cacilda!


E, foi nesse teatro que assistimos a peça "HOLLYWOOD", interpretada pela companhia carioca CiaTeatro Epigenia e dirigida por Gustavo Paso.
A sinopse é basicamente simples: dois executivos fanfarrões querem produzir um filme, previsto para ser um sucesso de bilheteria a todo custo.
Esse mesmo executivo, convida a nova secretária a passar uma noite em seu apartamento, fazendo a garota acreditar que é a trabalho, mas a ideia é completamente outra, com direito a aposta e tudo.
Encenado pelo ex galã global, Rubens Caribé, como Tony Miller, executado brilhantemente e nos fazendo ter raiva, Iuri Saraiva como Daniel Fox e Luciana Fávero como a secretária Karen, mostra como muitas vezes os bastidores do cinema, rádio e tv podem ser cruel, ardiloso, perigoso e traiçoeiro. Ué, é show business...

A história criada por David Mamet é bem oportuna. Nesse jogo político que vivemos, nem o entretenimento escapa. As coisas acontecem e nem sempre são inocentes.
Rubens Caribé, mais uma vez, me surpreendeu com a sua atuação. Tony Miller, vislumbra a sua promoção como diretor de produção quando um grande astro da produtora concorrente está disposto a vender o seu passe. Ele tem nas mãos um roteiro fraco e repleto de clichês, mas totalmente comercial e a certeza de atingir um grande público.

Do outro lado, aparece a secretária, que nada a tem a ver com o mundo da arte e apenas vislumbra o seu sucesso profissional e é extremamente competente. Karen, nada mais, nada, freia o objetivo do personagem de Rubens Caribé ao tentar convencê-lo a produzir a história de um livro que foi lido por ela. E daí que surge a discussão. O que é realmente arte e o que é realmente mercado? As pessoas vão ao cinema porque querem ou porque simplesmente não tem opinião e só vão porque ouviu falar que tal filme é bom? Até que ponto somos formadores de opinião? Até que ponto as pessoas são influenciáveis?

Tony Miller pode ser tão canalha quanto inocente nessa história toda. Apenas age como o meio funciona. Já, a tal vítima, a secretária que só iria passar a noite na casa do chefe a trabalha, sabe muito bem como a sua beleza o fascina.

E sim, essa peça tão lúcida de David nos faz pensar. Será que tudo nesse meio, acontece dessa forma? Fiquei pensando na minha formação e o porquê não consegui emprego na área. Saí de lá com a cabeça estourando e entendi que isso não tem como ser controlado. Não dá para julgar um meio em que não estamos.

Os diálogos são fáceis e o cenário é o mais minimalista possível. Não tem quase nada e o foco é realmente a história.
E é com essa peça encantadora, que nos vemos no meio de um negócio. Talvez o show business seja sempre assim, mas é preciso que ele ande e funcione. Mesmo que alguém passe por cima de valores e crenças.
É um pouco assustador ficar pensando nisso e mil possibilidades te passa pela cabeça.


Endereço: Rua Tito, 295 - Lapa
Telefone: 3864 4513
E-mail: teatrocacildabecker@prefeitura.sp.gov.br
198 lugares
Até 25 de Novembro ( DÁ TEMPO)
Horários: Sextas-Feiras e Sábados: 21h / Domingos: 19h
Ingressos: R$30
Pelo Cuponeria pagamos R$14,00
POSSUI WÍ-FI E AR CONDICIONADO
Acesso para cadeirantes

Então, é isso, andarilhos. Adoro peças de teatro que fazem a minha cabeça explodir de tanto pensar. É bom para organizar as ideias e ver como a gente pode enxergar o mundo. Não adianta explicar os motivos para uma pessoa ir ao teatro. Eu cresci fazendo isso, então é algo natural para mim. Espero que você curta o que eu escrevi, abra o seu coração e sua mente e vá assistir essa peça maravilhosa, tão atual e tão porrada na orelha.
Curta, compartilhe, divulgue o blog para os amigos. Bora fazer a cambada de andarilhos crescer.

Beijos teatrais e até sábado.