quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

#295 PARQUE DO TROTE: A ERA DE OURO DAS CORRIDAS DE CAVALOS

Hello, andarilhos. Tudo bem com vocês? O que vão fazer no niver de São Paulo?


São Paulo tem pouco mais de 110 parques disponíveis para a população. Só daí, percebemos que não é só o Ibirapuera que existe, apesar de ser incrível.
O lugar de hoje já teve uma aura luxuosa e que hoje, podemos dizer que é um senhor cansado e com dor nas costas.
Literalmente, é isso.

Vamos conhecer o PARQUE DO TROTE?

Hou uma época em que a elite paulistana era muito cultural e se interessava muito por arte, lazer e entretenimento e eram extremamente ativos nessa cena. Eu não sei dizer em que momento esse comportamento mudou, mas mudou de verdade...

Em uma área de 120 mil metros quadrados, nossa história começa quando um comerciante alemão, chamado Guilherme Praun, compra uma chácara do Barão de Ramalho, que foi advogado e professor, junto com sua filha, Joaquina Ramalho.
Antes disso, Guilherme já tinha adquirido mais 115 alqueires de terra que se integrou a chácara.

E foi depois dessa aquisição toda, que Guilherme resolveu fundar o Clube Hypico da Vila Guilherme, para resolver os problemas de inundação na parte baixa do bairro.
Em 1937, foram construídas cocheiras, arquibancadas, pista para saltos, bilheterias, picadeiro... imagina só o luxo que deveria ser? Aquele povo tudo de chapéu e vestidinho. Um charme só.

E olhe só, até que Guilherme morreu em 1944 e seus descendentes venderam tudo aquilo para à Sociedade Paulista de Trote que ainda existe.

Diferente do Jockey Club de São Paulo que sempre foi mais cheio de fru-fru, a Sociedade Paulista abria os páreos para a população assistir e o salão de festas era alugado para bailes, aniversários e casamentos.
Enfim, marcou época na Zona Norte e muita gente relembra com saudade dessa fase.

Pra você entender como foi importante; depois de sua abertura, o governador da época Adhemar de Barros, viu aquilo como utilidade pública. A elite paulistana, enfim descobriu o local e passou a não só frequentar, como realizar apostas. O negócio era tão sério que os resultados eram divulgados na Gazeta Esportiva.

Mas tudo o que é bom dura pouco. Tudo o que é vivo, morre e ali aconteceria a mesma coisa. Na década de 1970, o público foi se desinteressando por apostas, cavalos e tudo o mais e ali, começava a perder público e entrou numa grande crise.

Crise essa que fez a Sociedade Paulista vender o espaço para a extinta Rádio Tupi, que instalou uma grande antena de transmissão.
No entanto, a crise continuou e com o aumento de outros tipos de jogos, o desinteresse por apostas aumentaram e o governador Jânio Quadros solicitou o fechamento do local, para construir um parque, onde todos os moradores da região pudessem aproveitá-lo.


ENFIM, O PARQUE...

Em 2004, iniciou- se o processo de tombamento onde pertenceu a Sociedade Paulista e todo o entorno. Tudo aquilo que fez a Sociedade Paulista de Trote ser o que era ( Baias, salão de festas, administração, arquibancadas imensas, etc...) foi necessário para que o Conselho entendesse que o significado cultural daquilo não poderia ser esquecido. Então, um intenso processo de restauração foi planejado. Inaugurado em Agosto de 2006, o Parque do Trote, também é conhecido por ser o primeiro parque dirigido a deficientes físicos da cidade, tudo porque foi mantida a pista de corrida de cavalos e sua característica é um pouco maior em largura. O que facilita muito para quem tem mobilidade reduzida.

O parque é realmente uma delícia. É enorme e dá para ficar boas horas ali, fazendo vários nadas ou praticando a sua corrida ou algum outro tipo de esporte.

A vegetação também é marcada por bons jardins e árvores do tipo ipês rosa e amarelo, paineiras e espécies ameaçadas de extinção como o jequitibá-rosa e o meu preferido: pau-brasil.
Além de tudo isso, existe a Trilha dos Sentidos que permite a apreciação das flores, através do tato, olfato e visão. Ideal para quem tem algum tipo de deficiência.

Foram encontradas mais de 33 espécies de aves como quero-quero, gavião- carijó, pica-pau do campo e anu preto e anu branco.
Bem, tirando aves, acredito que não se encontra nenhum tipo de outros animais, porém no dia, ao tirar fotos, vi um sapo bem gigantesco.
Aquilo tirou um pouco da minha tranquilidade. Não que eu tenha medo, mas esse bicho pula... então, é melhor ficar atento.

Não existe lanchonetes dentro do parque e acredito que seja bem difícil encontrar uma ao redor, mas sempre tem ambulantes, vendendo alguma coisa.
Mas, tem áreas de piquenique e churrasqueiras, além de duas quadras poliesportivas para jogar o seu futebolzinho à vontade.


Quanto aos animais, você pode levar o seu doguinho desde que esteja com a focinheira adequada. E não se preocupe, há vigias e seguranças por toda a parte.


Mas, eu preciso confessar uma coisa: o parque é maravilhoso, incrível e o melhor de tudo: tombado. No entanto, ele está bem esquecido.
Aliás, muito esquecido. Falta manutenção adequada.
Onde já se viu um lugar com uma história tão linda e tão importante em São Paulo, sofre com o tempo e o descaso?
As casinhas que há muito tempo foram um importantes salão de festas estão completamente abandonadas. A última restauração foi feita em 2006, um pouco antes do parque ser inaugurado.

Depois disso, acredito que nunca mais foi feito nada. Cenário de Resident Evil perde. É algo estarrecedor, triste e isso é uma coisa que me dá muita raiva. É o nosso patrimônio. Um dia, aquilo foi importante e pertence a nós de alguma maneira.
Preservar a História é preservar a nossa identidade. Deixar isso para lá é burrice e um ato criminoso.

Mas, mesmo assim dá para curtir o parque numa boa e acho que cabe a nós, lutar pelo o que é nosso. Se esse é o único parque da região, porque não unir as vozes e mostrar que tudo isso incomoda?

O que deveria incomodar é ficar em casa, presa a programas policiais que nos fazem uma lavagem cerebral sem precedentes.

Curtiu? Pois então... acho que vale a pena, ficar uma tarde em um lugar que foi a era de ouro das corridas de cavalos e sentir a aura dos apostadores, dos cavalos correndo e da alegria toda.
Mesmo porque, aquela cerquinha típica que separam a plateia dos animais ainda existe. E é algo mágico.
Sim, consegui me transportar para um daqueles dias e foi mega engraçado.
Só eu tenho sensações assim?
Me conta.

Endereço: Avenida Nadir Dias de Figueiredo, s/n - Vila Guilherme
Telefone: 11 2095 0165
Horários: Diariamente: Das 5h30 às 20h00 // O Portão 1 fecha às 18h00
SEM SITE
Possui WI-FI
Não possui estacionamento
GRATUITO



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Ficamos por aqui, andarilhos. Vá e sinta a aura mágica de São Paulo na década de 1970. Tente se transportar e passe uma dia incrível com o seu amor, pegue um livro e descanse!

Beijos apostados e até sábado!




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