quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

3 ANOS DE BLOG: CASA DA DONA YAYÁ

OLÁ, ANDARILHOS! FELIZ ANO NOVOOOOO!

Que saudades que eu estava e mais feliz ainda por comemorar 3 ANOS DE "SOMOS ANDARILHOS".
NEM ACREDITO QUE CHEGAMOS TÃO LONGE !!!

São cerca de 300 lugares incríveis para passar um dia maravilhoso com a família, os amigos, o mozão e o mesmo sozinho.
Caraca! 300 lugares? É muita coisa!

E se você permitir, será mais. Bem mais? Quem sabe logo mais, não rola uma viagem para uma gringa?
Veremos.

Enquanto não acontecer, vamos ao primeiro lugar de 2020.

Vocês curtem lendas urbanas? Daquelas tipo Loira do Banheiro, ET de Varginha, ET Bilú, Chupa Cabra, entre outros?
Pois é, apesar de comemorar o terceiro ano do blog, o local de hoje carrega muita dor e tristeza. 

Vamos conhecer a CASA DA DONA YAYÁ? 

Localizado no Bixiga, esse casarão construído no século 19 e estilo arquitetônico eclético (vários estilos), é considerado um dos sobreviventes ao pintar chácaras existentes em São Paulo, principalmente na Região Central.
Uma pena ter sobrado tão pouco para contar nossa história.

Esse caso surgiu em 1888 (não existe registro anterior a esse ano) e pertence a 3 homens em anos distintos até 1920.
Dos homens não irei falar. Acredito que eles não eram relevantes.

A partir de 1920, ou casarão pertence à SEBASTIANA DE MELO FREIRE. E sim, esse sim foi um MULHERÃO DA P **** TODA. E aqui, que começa a nossa história.

Mas, primeiro de tudo:

QUEM FOI SEBASTIANA DE MELO FREIRE?

Nascida em Mogi das Cruzes, em janeiro de 1887, foi filha de um importante político político
Retirado do site SP CITY. Yayá com toda a família.
 brasileiro; o Senador da Primeira República, Manuel de Almeida de Melo Freire.

Então, já devem imaginar como eram ricos, não é? Mas, como a desgraça acontece com qualquer um, a vida já é mostrada para essa garota que nada era fácil.
Apelidado carinhosamente de Yayá por seus pais, ela perdeu sua irmã que tinha 3 anos de idade asfixiada com uma porca desenroscada em seu berço. Pouco tempo depois, perdeu a sua outra irmã, vítima de tétano.

E para piorar tudo, ela perde os pais, com 2 dias de diferença. Tudo isso aos 13 anos de idade. Então, ela é mais um irmão que foi obrigado a ter um professor: Albuquerque Lins, futuro prefeito da cidade de São Paulo e que foi recomendado por um teste feito por seu pai.

E assim, vai para um colégio particular, o  SION e aprende a falar francês, piano e pintura. 5 anos depois, seu irmão, que usava depressivos e suicidas, jogava um navio no caminho de Buenos Aires, com apenas 23 anos, morrendo afogado.

Então, nossa princesa cheia de personalidade, aos 18 anos, passou a ser a única herdeira do patrimônio de sua família.

Apesar de toda a tristeza, Yayá estava tentando manter uma vida normal. Ela era independente, promovia saraus e recebia muitos artistas em sua casa.
Quem convivia com ela, diria que era religiosa, alegre e festeira.
Muito à frente do seu tempo, Yayá não quis se casar. Achava que todos os garotos se aproximam dela por interesse sem dinheiro e não por amor.
Era uma vez na sociedade, já que nessa época, mulher tão servia para ser esposa e mãe. Mais nada.

Pois bem, depois de um tratamento dentário que ocorreu complicações e uma viagem à Europa com amigas qualificadas, ela contraiu uma queixa espanhola e sua vida jamais voltaria a ser a mesma.

Também começou a apresentar demência. Aos 31 anos, começou a redigir o seu próprio teste e distribuição de jóias para os empregados. Um ano mais tarde, foi internado por tentativa de suicídio e disse que estava sendo perseguido.

Seu diagnóstico? Psicose Esquizofrênica. Mesmo sendo tratado pelos melhores médicos da época, a doença só avança.

Yayá foi interditado, já que não apresentou mais o seu julgamento perfeito. Nas últimas crises, na parede de correr, rasgava suas roupas, se flagelava automaticamente com qualquer objeto que encontrasse, embalsamar um filho que nunca existiu e outras coisas mais.
Então, surgiram parentes de todo canto para "tomar conta" de sua fortuna. Seus familiares compreendem o caso Bixiga, onde ela viveu isolada por 36 anos e se tornou o seu manicômio particular, adequado para todas as suas necessidades, porém sem contato com o mundo externo.

Foi um escândalo na época, porque seus pais entraram na Justiça para tomar esse dinheiro e nunca saíram das mãos dela, já que ela acabou vivendo mais do que todos eles.
Mesmo assim, teve uma vida longa. Morreu aos 76 anos por uma insuficiência cardíaca.
E como não tiveram herdeiros, todos os seus bens (imóveis, terrenos, dinheiro em conta, títulos e muito mais), foram para o governo e os compradores pela USP.


ENFIM, O CASARÃO!

E , desde 1986, O Casarão E administrado Pelo Centro de Preservação Cultural da USP COM UMA  Extensa Programação Universitária e culturais Como Cursos, Oficinas, Palestras, Exposições e debates Sobre O Nosso Patrimônio. Tudo isso, além de oferecer recursos para estudantes de ciências humanas.
Em 2016, o Casarão foi fechado para reforma para que pudesse usar os dispositivos de acessibilidade. 
São 13 cômodos que dão para andar livremente, sendo que 4 são apenas para uso interno.

Realmente, o lugar é coisa mais linda, o jardim é lindo, quase não vai muita gente e é super tranquilo. É perfeito para tirar suas fotos blogueirísticas.
Sem contar que andar pelo Bixiga é outro mundo. É uma delícia.

Acho que vale sim, é muito pena passar uma tarde na casa, em um ambiente que ganhou até o IPHAN pela categoria de Preservação do Patrimônio Cultural e que foi tombado em 1998 pelo Estado e pelo Município em 2002.

E se gravar acima, sobre lendas urbanas? Pois é. Para instigar ainda mais a galera,  esse rolo é considerado mal-assombrado. E porque?

Os moradores dizem, que, volta e meia, é possível escutar os gritos de Yayá e tempos em tempos, ela aparece na janela solicitando ajuda. E, que mesmo passado, mais de 100 anos de sua morte, também é possível ver o vagão branco pelas ruas, embalando um bebê inexistente.
Eu hein? Tem coragem?
Euive!

Pois então, curtiram? Essa casa é uma prova viva de como a loucura era tratada no século XIX. Imagine que você tem uma infância completamente normal e, portanto, sua vida fica na cabeça por uma hora e outra por outra, se torna orfã e completamente desprovida de suas faculdades mentais, sendo impedida de olhar para a cara da rua e sem contato com outras pessoas.
Triste, não?


Endereço: Rua Major Diogo, 353 - Bela Vista
Telefone: 11 2648-1501
Horários: Segundas-Feiras às Sextas-Feiras: 09h00 às 17h00 // Sábados e Domingos: FECHADO
Site:  CENTRO DE PRESERVAÇÃO CULTURAL
E-mail: cpcadm@usp.com.br // cpcpublic@usp.br
GRATUITO
NÃO TEM ESTACIONAMENTO


Ficamos aqui, andarilhos. Vida longa ao Somos Andarilhos e espero ter muitos passeios em 2020.
Muito obrigada por tudo!

Beijos festivos e até sábado!



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