quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

#97 CENTRO DE MEMÓRIA DO CIRCO

Olá, andarilhos. Tudo bem? Como está o Carnaval de vocês? Para quem não curte essa folia toda, essa alegria descompensada, gente bêbada, gente feliz demais e perdida, vem comigo que eu deixarei todo mundo que não curte a salvo.


Quem acompanha o blog sabe que eu não curto muito lugares triviais, lugares que todo mundo já foi e quanto mais desconhecido e diferente, melhor para mim, para vocês, para o blog e para a divulgação dele. Como o blog está crescendo, tento mesclar lugares conhecidos, lugares diferentes, práticos, pontos turísticos, entre outros... Se dependesse de mim, pontos turísticos não passariam por aqui.
Como eu não tenho carro, eu ando muito. E acho que prefiro assim. As pessoas, por conta da correria e da rotina, acabam não prestando muito a atenção ao seu redor. Tive amigos que resolveram tentar enxergar a forma do jeito que eu vejo o mundo e não se arrependeram. É só um exercício de consciência e prática. Não é que eu quero ser diferente e tento ser diferente. Isso acontece desde a época da escola. Vivia sozinha e não me encaixava em grupo nenhum por mais que eu tentasse. Então, acredito que venha daí. Aprendi a dar valor para sons, cores e paisagens que geralmente ninguém se importava muito. Eu sei que isso é bem doido, mas se acostumem. Vocês não viram nada.

Como já falei por aqui, sou uma pessoa que sempre esteve ligada às artes. E gosto da inocência e magia de uma produção. Quando eu era pequena, meus pais saíam muito comigo e com minha irmã. Toda semana era um lugar diferente. McDonalds, teatro, shopping, museus e circo. Sim, circo era algo rotineiro em nossa vida. Volta e meia, pesquisávamos onde tinha um e íamos. Aprendi a amar circo e já quis fugir com ele. Já pensou que maravilhoso ver uma vista diferente de tempos em tempos? Não sei se isso é solitário, mas nunca vi ninguém dizer que abandonou o circo por que estava infeliz. Acredito que isso não exista. E o quão dolorido é, um contorcionista ou um mágico trabalhar em frente a um computador durante 8 horas por dia. Sério, gente, rotina mata.
Enfim, o porquê estou falando tudo isso? Por que já vi gente falando que circo não tem graça. Vejo crianças que nunca foram em um, que nunca ouviram um "respeitável público", que nunca viram o "Globo da Morte". Isso é triste. Como eu sei que as coisas se tornam um hábito, penso que espécie de pais que estão se formando por aí que não levam suas crianças para fazer algo dessa forma? Como elas vão gostar se não sabem como é, como funciona, como faz...?

Então, acho que estou enrolando demais. Então, apresento a vocês o CENTRO DE MEMÓRIA DO CIRCO. O que seria isso, Carol? É um centro de memória que contem o acervo e que conta a história da tradição circense no Brasil. O circo tem uma história muito rica, interessante e é muito ligado ao teatro, à TV, ao rádio e ao cinema. Ou seja, tudo o que a Carol mais ama nessa vida. Não há mais no mundo que eu ame, do que essas 4 coisas. 
Inaugurado em 16 de Novembro de 2009 e integrante do Departamento do Patrimônio Histórico da Secretaria Municipal de Cultura de SP, é um dos primeiros museus dedicados ao gênero.
A ideia veio depois da doação de todo o acervo que pertenceu ao famosíssimo circo, o Garcia. Aaaaah, Circo Garcia, que saudade de vocês. Eu ia de mês em mês. O amor por esse circo era tanto que consegui invadir os bastidores e tirar uma foto com o palhaço Chiclete, que era meu preferido na época. Esse circo era referência na arte circence e infelizmente durou até 2003. Só quem é do meio dos anos 1990, sabe o quanto eles eram bons e recomendado para todo mundo. Foram 75 anos de arte, amor, profissionalismo, pioneirismo e tradição.
O Centro de Memória do Circo é dividido em duas partes: no térreo da Galeria Olido, onde explica como funciona cada função de um espetáculo ( aliás, recomendo começar por essa parte ) e uma maquete lindíssima feita pelo Mestre Maranhão. A segunda parte fica na sobreloja da Galeria Olido ( em breve terá um post dedicado a ela também ), onde se encontra uma grande linha do tempo, desde os começo das artes circenses até os dias de hoje e uma belíssima homenagem a esses artistas que começaram no picadeiro e alguns terminaram na TV, no cinema e no teatro.

Visitar esse espaço é instigar a sua memória, relembrar a infância, é entender como a sociedade se expressava e buscava procurar diversão e ver o quanto tudo era tão mágico e inocente. É muito mais do que ver um mágico tirando o coelho de uma cartola ou um palhaço caindo no chão. Mergulhe no acervo de fotos, das roupas, dos objetos, das músicas, se imagine dentro da lona e entre na aura do picadeiro. A cor do local, um vermelho bem forte, é bem propícia, para entrar no clima.

O ponto de partida e de encontro de toda essa trupe, era no Largo do Paissandu, onde cerca de 800 artistas de circo de reuniam para bater um papo, tomar um café ou uma cerveja e onde foram armadas as primeiras lonas e aconteciam os primeiros espetáculos.
Esses encontros aconteciam toda segunda-feira e o local ficou conhecido como o "Café dos Artistas". Não à toa, era o reduto dessas apresentações e nesse palco surgiu um palhaço que se tornou referência na época, o Piolin, um artista muito importante na década de 1920. Aliás, é referência até hoje. Pergunte a um artista de circo que se ele era importante. Talvez seja o mago do circo. Talvez um Walt Disney dos picadeiros.

Em seu sétimo ano, em junho do ano passado, foi lançado um livro "Centro de Memória do Circo" em homenagem e que junta todo o seu acervo com sua atividades. Acredito que  leitura valha muito a pena. Um pouquinho antes, em maio de 2017, diversos circos e artistas, entre eles, o Circo di Napoli e o meu querido lindo Marcelo Medici, entre outros artistas que se uniram em prol do Centro e dedicaram a suas apresentações, com o intuito de promover e preservar a exibição de uma história tão rica.


É realmente inadmissível que eu tenha descoberto um lugar tão icônico só agora. Já tinha ouvido falar, mas não é um lugar que alguém comenta toda hora. É uma pena que o circo perdeu um pouco de sua importância. No século XX, o circo era como se fosse a TV ou o celular hoje. A diferença é que o artista ia onde o povo estava. Era fácil entender o porquê o circo ser tão popular e tão querido nessa época. Palhaços Carequinha e Arrelia que o digam.

Ainda assim, o Museu já foi visto por mais de 170 mil visitantes. São 300 imagens de autores diversos, documentos importantíssimos e imagens audiovisuais. Prestem atenção em tudo. Se vocês forem como eu, em 1 hora você não consegue ver aquilo que precisa. Eu esmiuço mesmo e saio de qualquer museu ou exposição esgotada de cansaço. Exagero? Acredito que não.

Ah, e dia 10 de Dezembro comemora-se o Dia do Palhaço.

Bom, andarilhos. É maravilhoso conhecer lugares novos e diferentes. É saber que o circo ditou o comportamento durante muitos anos e em cidades do interior, quando eles chegavam, eram um evento e paravam a cidade toda. Sem contar que eles existem desde que o mundo era mundo e que grandes reis e rainhas sonhavam em ter um bobo da corte para distração. Deveria ser muito chato viver naquela época. O circo é muito mais que um desfiladeiro de cores e magia. Ele é verdadeiro e entende a nosso íntimo, a nossa fragilidade e se usa dessa graça para sairmos tão leves. Circo também é bem politizado.

Eu poderia falar muito mais coisas sobre o Centro de Memória, mas a ideia e que vá até lá e talvez sinta o mesmo que eu senti. Vamos trocar experiências. Será divertido.

E para quem quiser assistir um filme bem legal que fale sobre o circo, indico um que está concorrendo ao Oscar 2018 de Melhor Trilha Sonora: O Rei do Show" estrelado pelo Wolverine Forever, Hugh Jackman.

Para quem quiser conhecer:

Endereço: Avenida São João, 473 - Dentro da Galeria Olido - ao lado da Galeria do Rock - Centro
Horário de Funcionamento ( da exposição):  Segundas-feiras às Sextas-Feiras: Das 10h00 às 20h00 // Sábados, Domingos e Feriados: Das 13h00 às 20h00 - TERÇAS-FEIRAS NÃO FUNCIONA
E-mail: memoriadocirco@prefeitura.sp.gov.br
Telefone para pesquisa: 11 3397-0177 // 11 33970199

Bom, é isso andarilhos circenses. Espero que tenham gostado e me digam o que acharam. Ah quero saber mais sobre vocês, se estão gostando e deem sugestões. Preciso saber o que vocês gostam de fazer, onde vão... e compartilhem, divulguem para mais andarilhos. Estamos juntos nessa!

Beeeijos!
















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