sexta-feira, 25 de maio de 2018

#128 CHÁCARA LANE - GABINETE DO DESENHO

Hello, andarilhos. Tudo bem com vocês? Um excelente sábado para todo mundo.

É incrível como São Paulo nos surpreende a cada dia. Talvez, seja por isso que eu não goste muito de falar sobre pontos turísticos conhecidíssimos.
Como muitos vão pelo senso comum, lugares extraordinários não costumam ser muito vistos. E quando não vemos detalhes, em meio ao barulho ensurdecedor do trânsito e quantidade de gente nas ruas?
Você consegue enxergar a natureza na cidade? Não? Talvez, você precise prestar mais atenção ao seu redor.

Vamos perambular pela CHÁCARA LANE? Mas, uma chácara bem no meio da cidade? Calma, que tem explicação.

Na São Paulo, entre os séculos 18 e 19, mais especificamente no século 19, ainda existiam muitos donos de terra, riquissimos que possuíam outras casas na capital. A cidade começava a verticalizar-se ( entenda como a construção de prédios. Talvez, venha daí, um dos termos que eu mais ODEIO na vida: SELVA DE PEDRA).
E a Chácara Lane é uma remanescente dessas chácaras que existiam na cidade.

São Paulo começava a crescer e foi um período de intensas transformações, incluindo a vinda de imigrantes de diversas nacionalidades, aumentando o crescimento populacional. Inúmeras famílias vieram em busca de trabalho, amor, esperança e vida melhor.
Então, hoje, vamos falar dessa família específica aqui.
FAMÍLIA CHAMBERLAIN.

Mas, Carol, who are Family Chamberlain? Foram um casal importante e abençoado. Vieram dos Estados Unidos, ele, George Chamberlain, que foi seminarista em Nova York e chegou no Brasil, no Rio de Janeiro, aos 22 anos e Mary Annesley. Eles pertenciam à Igreja Presbiteriana.
Então, ele e a sua esposa Mary Annesley, fundaram uma pequena escola em 1970, oriunda da Escola Americana da qual tinha no país de origem.
Inicialmente, as aulas eram dadas na casa do casal, cujas salas eram improvisadas, que ainda não era essa chácara do tema de hoje.
Mas devido a enorme procura de alunos, foi necessária uma busca para um local mais adequado para as acomodações dos alunos e as aulas em si.
Uma coisa muito incrível é que eles eram contrárias as punições físicas dadas pela escola naquela época. ( Punições queriam dizer, reguadas na mão, giz na testa, entre outros... sim, a escola fazia isso no século 19 e os pais permitiam, só para constar. Gente, os tempos eram outros ) e eles também defendiam, a classe mista ( meninos e meninas estudando todos juntos ).

Corta para 1906. George morre e 4 anos depois, a viúva e os filhos, resolveram vender o casarão para um médico americano, Horace Lane, que também era educador, negociante, diretor da Escola Americana e depois do Mackenzie College, cuja parte do terreno começou a ser usada, para o que viria a ser a Universidade Mackenzie, que conhecemos hoje. Era membro da mesma igreja que os Chamberlain frequentava.

A história é muito maior do que isso que eu contei. É uma história riquíssima, cheia de detalhes e que merece ser melhor investigada.

Entenderam o porquê do nome? Então, como os Chamberlain venderam a chácara, oficialmente, os Lane passam a morar ali: ele, esposa e três filhos.
Além disso tudo, ele como médico, passou a clinicar e receber os seus pacientes ali e assim foi, até a sua morte em 1942.

Depois disso, a Prefeitura comprou o casarão em 1944 e por ter se passado muitos anos, a casa estava em má conservação. A intenção era usar os 16 mil metros quadrados para construir um loteamento. Não deu, pois o espaço era pequeno, apesar da casa ser gigante e ter aqueles inúmeros cômodos que gente rica ama ter, mas que eu tenho certeza que metade disso nem é utilizada.
Dessa maneira, o uso cultural dessa casa acontecerá por 50 anos, segundo o comodato oferecido pelo governo municipal. Outra parte do terreno é utilizada pela escola municipal fofissima Gabriel Prestes.

E desde então, a Prefeitura de São Paulo utiliza e já foi sede do Gabinete do Desenho e do Arquivo Histórico Municipal. Em 1991, foi Biblioteca Circulante e atualmente, a casa está vazia. Sim, quando eu fui não tinha nada, a não ser ela mesma e uma aura de pessoas muito importantes que passaram por ali e contaram a sua história. Vi muitas paredes brancas vazias, o que me dá a entender que pode ser espaço para futuras exposições.

Em 2004, a Chácara Lane foi tombada em 2004 pelo CONDEPHAAT e em 2012, passou a aceitar exposições de curta duração.

E, sim... esse foi mais um sítio arqueológico e mais um pertencente ao Museu da Cidade ( aquele dos 17 sítios que o Governo cuida ). O fato é que essa casa possui mais de 100 anos de existência e tem um passado muito rico, repleto de histórias, fatos e curiosidades.
Ela conta a história de uma São Paulo que crescia, que se desenvolvia e começava a fazer o seu nome. Apesar de parte dessa história serem contadas por norte-americanos e não brasileiros, o que em nenhum momento diminui a sua importância, nada mais é, o nascimento da primeira faculdade privada de Engenharia do Brasil ( entenderam o porquê de toda mãe sonhar com um filho engenheiro, médico ou advogado? Foram os primeiros cursos existentes, criada por uma elite altamente importante).

Endereço: Rua da Consolação, 1024 - Estação Higienópolis / Mackenzie - Linha Amarela do Metrô
Telefone: 11 3129 3361
E-mail: museudacidade@prefeitura.sp.gov.br
Horário de Funcionamento: Segundas-feiras: FECHADO // Terças-feiras aos Domingos: Das 11h00 às 17h00.
ENTRADA GRATUITA
Há serviços educativos no local.

É isso, andarilhos. Mais um sítio arqueológico visitado e ainda não é o meu favorito. Dos 17 catalogados oficialmente, faltam 3 para ir. Fora os que não estão na lista no Museu da Cidade.
A Chácara Lane é bonita, mas nada é mais linda do que a Casa do Bandeirante, que ainda é mais antiga. E eu prefiro uma casa feita à taipa de pilão.
Esse casarão da Consolação mostra para você que é possível descansar do caos de São Paulo. É uma pausa para você entrar em contato com seu eu interior e perceber o quanto que a nossa cidade oferece silêncio e tranquilidade e ninguém sabe.
Descanse em casa. As portas estão abertas para você!




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