quarta-feira, 23 de maio de 2018

#127 SHOPPING LIGHT

Hello, andarilhos lindos. Tudo bem com vocês. Sobreviveram à Virada Cultural?

Eu vivo dizendo que é preciso mostrar coisas novas, diferentes ou exóticas. Às vezes, eu peco nessa vontade e acabo me tornando um pouco radical. Reconheço isso.
Os pontos turísticos são pontos turísticos por algum motivo. Seja pela história, pelo apelo popular, pela região ou até mesmo manifestações.
Às vezes, o inusitado não é tão legal assim e se corre o risco de ter um passeio péssimo. Já aconteceu comigo e relatei aqui que houveram surpresas não tão agradáveis vinda de lugares que eu achei que seriam o máximo e foram uma completa decepção.
No entanto, como eu já disse, esses pontos turísticos se auto sustentam. Tanto os gringos quanto os brasileiros buscam São Paulo por eles. Talvez, por serem mais rápidos, mais práticos, com mais gente, vai saber... Tudo o que eu puder dizer por aqui sobre eles, será mais do mesmo. Com a minha opinião, claro, mas ainda assim, será mais do mesmo.
Isso pode soar inocente, mas sonho com o momento em que as pessoas pensem além da cartilha ( no caso aqui, é o guia/mapa ) e essas pessoas que chegam, sejam amigas de pessoas que conheça São Paulo de verdade. Só assim para São Paulo parar de ser chamada selva de pedra, que aqui falta verde ou que é uma cidade dura demais. Já ouvi esse termo.
Tudo isso para dizer que São Paulo é muito mais do que é mostrado por aí.

Enfim, vamos a mais um ponto turístico. Vamos turistar pelo SHOPPING LIGHT?


Ou se preferirem, Edifício Alexandre Mackenzie. Esse edifício nasceu com o intuito de abrigar a empresa de companhia elétrica canadense The São Paulo Tranway, Light and Power Co. Ltda. Nome chique demais, meu Deus!
Isso mesmo, o prédio era de uma empresa que fornecia eletricidade, em uma época em que a Eletropaulo nem pensava em nascer.
A construção ocorreu por volta de 1926 a 1929. Em 1941, o prédio foi ampliado, totalizando quase 30 mil metros quadrados.
Sabem aquela expressão que o pai ou o avô de alguns diziam quando viam luzes acesas espalhadas pela casa: "PENSAM QUE EU SOU SÓCIO DA LIGHT"?
Eu não sabia o que raios isso significava até descobrir alguns anos atrás. Sim, era por causa da empresa que foi muito importante durante os seus tempos áureos.
Se em 1910, 30% dos paulistanos tinham energia elétrica, nos anos 1950, mais de 50% já utilizavam a força.
Um dos motivos do prédio ser tão importante na época, era por que a conta de luz era paga ali mesmo. Nada de pagar em caixa eletrônico. Eu acho que isso nem existia ainda. Então, acredito eu que da mesma forma que, naquela época, ir ao banco era um evento gigantesco, ir na Light pagar a sua conta de luz também era muito importante. Queria tanto ver como era. Pena que não existe uma máquina do tempo.

E como tudo o que é bom dura pouco, durante a Ditadura Militar ( SEMPRE ESSA MALDITA APARECENDO E F**** COM TUDO ), empresas privadas sofreram por um processo de estatização e acabou passando para as mãos do governo, se transformando em quem?
Sim, a Eletropaulo que acabou ficando no prédio após uma cisão, ocorrendo uma nova privatização, saindo completamente do edifício.

É impossível falar do Shopping Light sem comentar sobre o seu passado. O edifício, de estilo eclético é um marco arquitetônico paulistano.
O edifício mistura elementos mais modernos e mais antigos, clássicos e contemporâneos. Por exemplo, os elevadores, a escadaria, o mármore, portões ainda são da década de 1920. Originais de fábrica e lindos até dizer chega.
Como de praxe, tudo o que é muito antigo, precisa de um cuidado maior e ser restaurado. Ainda mais, sendo um edifício com tanta história e tanta importância. Através de estudos, no começo dos anos 1990, o processo de restauro e conservação ficou sob responsabilidade de um professor de História de Arquitetura da USP que através de técnicas, fez o trabalho de acordo com o que o edifício tinha, sem perder a sua essência, a sua origem e a sua personalidade.

Então, em 1999, o Shopping Light começou a ser idealizado. Tudo isso, por causa de um consórcio com o Fundo Birmann e por um período de 50 anos. Até lá, terei 63 anos. Sim, já se passaram 19 anos. Céus, será que estarei viva?
O "Somos Andarilhos" continuará existindo? Será que estarei cheia de dores? Será que ainda terá Stories?

Enfim, me recordo do Shopping Light nascendo. Foi na mesma época da falência do MAPPIN. Gente, quem lembra do Mappin? Isso é para os andarilhos idosos que nem eu.
Meu pai não saía do Mappin. Vivia comprando coisas por lá e lembro quando o Shopping Light mal era alguma coisa. Lembro que tinha apenas uma Renner e um McDonalds. Nem lojas direito tinha.
É... ele cresceu.
São nove pavimentos em 50 metros de altura, 5 andares abrigando 180 lojas, contando com a praça de alimentação, recebendo 35 mil pessoas todos os dias. Gente demais, mas devido aonde está localizado, é completamente mais do que perdoável.

E então, como se trata de um bem importantíssimo para a capital, pois conta a nossa história de um jeito único e é vizinho do Theatro Municipal, Praça Ramos de Azevedo, o Centro Cultural dos Correios, entre outros, obviamente ele foi tombado pelo CONDEPHAAT e considerado patrimônio história e cultural da cidade, em 1984. Ou seja, já sabem, conservem. Nada pode ser violado, estragado ou mexido.

O Light não conta com cinemas e esse é o seu diferencial. Hoje, acho um pouco esquisito um shopping não ter cinema. Na dúvida, vá ao Marabá que você ganha e muito. Aliás, já falei dele por aqui.
Apesar de não ter telonas, no último domingo de cada mês, eles promovem uma visita guiada com duração de 3 horas (10h30 às 15h30) pelo Centro de São Paulo, finalizando no Shopping.
Aliás, existe um museu do Light que só é aberto nesse último domingo e que só pode ser visitado quem vai fazer essa tal visita guiada.
Isso não faz o menor sentido. E se eu não quiser andar e só ficar tranquila vendo o museu? E se for uma pessoa que tem mobilidade reduzida ou simplesmente ter preguiça e não dá para ficar andando? E se simplesmente, a pessoa não quiser ver mais nada?
Por que esse raio de museu só aberto no último fim de semana do mês? Por que não todo dia? Vocês não estão perdendo tempo não?

E como São Paulo está viciada em rooftops ( isso, em telhados de prédios ), em 2014, com a união de agências publicitárias, fundaram uma balada com foco em música eletrônica, das quais acontece frequentemente, reunindo artistas nacionais e internacionais do mais alto calibre. O local tem 1500 metros quadrados e até bar. Pois é, sinto que dificilmente, irei pisar na cobertura do Light e dá pra ver o quanto é grande, do prédio da Prefeitura de São Paulo.

Endereço: Rua Xavier de Toledo, 23 - CENTRO - Metrô  Anhangabaú, República, Sé ou São Bento. Você escolhe! Mas, desça no Anhagabaú para ficar mais fácil.
Telefone: 11 3154 2229
Site: http://shoppinglight.com.br/comercial.asp
Há estacionamento na Rua Formosa, 157
Horário de Funcionamento: LOJAS: Segundas-feiras aos Sábados: das 10h às 22h.  // Domingos e feriados: das 12h00 às 18h00.
PRAÇA DE ALIMENTAÇÃO: Segundas-feiras aos Sábados: das 10h às 22h30
Domingos e feriado: das 11h00 às 18h00.
ESTACIONAMENTO: Segundas-feiras aos Sábados: das 6h00 às 22h30
Domingos e feriados: das 11h00 às 20h









Então, é isso, andarilhos lindos! Não considero muito o Shopping Light, shopping de fato. Assim como o Center 3, lá da Paulista que eu também já falei por aqui. Acho que são por causa dos horários diferenciados. Para mim, é mais um centro cultural do que qualquer coisa.
Enfim, sendo shopping ou não, o Light, com certeza, é um marco na rica história de São Paulo e nada mais São Paulo do que andar pelo Centro Velho e olhar a beleza arquitetônica, ver o Vale, se sentir pequeno olhando para o Theatro Municipal, sentir-se tentado a descobrir o que a sorte te reserva aos ver as videntes de rua e olhar para o relógio do Mappin, que ainda está lá indicando as horas.
O Shopping Light é legal. O primeiro andar te deixa um pouco confuso e depois melhora com os outros andares.
Mas, como eu sempre digo, apesar da história, o Centro é riquíssimo e um museu a céu aberto. Mas, São Paulo precisa ser descoberto e ficar apenas no Centro não te ajudará muito não.
Quem vem comigo?

Beijos, beijos, beijos!









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