sábado, 24 de agosto de 2019

#257 ESPAÇO CULTURAL CASA DA FAZENDA: É A ZONA LESTE PRESENTE NA JORNADA DO PATRIMÔNIO

Hello, andarilhos. Tudo certinho? O que vocês estão aprontando?


Já cansei de dizer aqui que eu priorizo coisas diferentes e se forem afastadas do Centro, melhor ainda. Claro que enalteço a Zona Leste porque eu sou daqui. Simples assim.
E já sofri situações engraçadas, porém tristes ao mesmo tempo, por ser da região e espero que um dia esse preconceito acabe.

Pode ser utopia, mas eu sou uma sonhadora como John Lennon.

Sábado passado, rolou a Jornada do Patrimônio que nada mais é do que um evento para resgatar a memória do paulistano, onde teve mais de 1000 atividades em todas as regiões de São Paulo, como cortejos, saraus, palestras, contação de histórias, oficinas e visitas a patrimônios históricos, principalmente aqueles que não abrem durante o final de semana.

E o extremos contam tanta História quanto o Centro. Talvez até mais.

Vamos conhecer a CASA DE CULTURA - HIP HOP da CIDADE TIRADENTES?

Falar sobre essa casa é contar a história da Cidade Tiradentes quase que inteira.


Muito antes de se tornar uma Casa de Cultura, existia a Fazenda Santa Etelvina, que segundo documentos da Prefeitura foi uma fazenda escravista.
Há controvérsias, já que a fazenda surgiu em 1895 e a Escravidão acabou em 1888.
Mas, o curioso é que há uma casinha, bem parecida com uma senzala, do lado de fora. É estranho, mas segue o baile.

Não podemos falar dessa fazenda, sem antes falar do Coronel Antonio Rodovalho ( que hoje é nome de uma rua daqui da Penha) que foi um dos primeiros proprietários dessa casa.
Foi um homem de muitas posses, um grande empresário, político, negociador, enfim, quase um conde Francisco Mattarazzo, e tinha vários negócios em sua frente: setores do açúcar, cal e café.

Aliás, já falei desse Coronel na série sobre Caieiras. Ele foi o proprietário da Fazenda Caieiras e fez com que ela se desenvolvesse. Confira: AQUI!!!
Se tornou um homem muito rico durante sua vida, apoiou a República em 1889, participou da Guerra do Paraguai e tantas outras coisas.
Enfim, ele fez de tudo. Só de pensar em fazer tudo isso, já estou cansada.

No entanto, no século 20, o Brasil sofreu muitas mudanças, o café estava em baixa,  grandes empresas faliram, entre outros, fez com que o Coronel perdesse absolutamente TUDO e morreu totalmente pobre, aos 75 anos em Dezembro de 1913.
Coitado dele. Tanto trabalho em vida...

É muito engraçado saber que andar por cada pedacinho de São Paulo é achar a pecinha do enorme e infinito quebra-cabeça que é essa cidade.
Eu nem imaginava que eu poderia visitar a casa do cara que fundou Caieiras.

Depois dele, várias famílias compraram a casa, sendo a última delas, a de Saturnino Pereira. Cidade Tiradentes, antes de se tornar um dos maiores bairros da Zona Leste, havia inúmeras fazendas e uma delas extraía mandioca e por lá, tinha até uma linha férrea que ligava até o Centro, para os trabalhadores usarem.
Pois bem, estava falando no comecinho do século 20. Se tinha linha férrea, a área era extremamente valorizada.

Então, Saturnino, que tinha a mente avançada, usava a casa para momentos de lazer, diversão e entretenimento, aos finais de semana, para os trabalhadores cansados e as famílias que moravam ali por perto.
Imagina que bagunça gostosa deveria ser?

E, depois disso, a casa ficou abandonada até ser revitalizada em 2004 e inaugurada em 2005 como Casa de Cultura Cidade Tiradentes/ Hip Hop Leste, que promove ações culturais como shows, teatros, palestras, apresentações, oficinas e cursos.

O espaço é pequeno e MUITO acolhedor. A sensação que tive é de que realmente eu estava em minha casa ou em uma fazenda, esperando pelo café.
E realmente tinha: depois das visitas guiadas, havia uma mesa com bolos e café.

O lugar é simplesmente incrível e reúne todas as tribos em um lugar lindo, com muito verde ( há vegetação intensa e em pé, do século 18 ainda e plenamente preservada).

Quero agradecer a oficineira Camila Rosa e o Gabriel Dicelli pela simpatia, presteza e pelo bate-papo. Foi ótimo. Deu para ficar umas 2 horas ali e a galera se reúne mesmo para conversar, escutar um som, andar de skate e passar umas horas ali.


Endereço: Rua Sara Kubistchek, 26A - Cidade Tiradentes ( 5 minutos andando do terminal)
Telefone: 11 3333 4896
Horários: Terças-Feiras aos Domingos: 09h00 às 21h00 // Segundas-Feiras: FECHADO
Facebook ( para saber dos próximos eventos ): https://www.facebook.com/CCHIPHOPLESTE/
NÃO POSSUI ESTACIONAMENTO
POSSUI WI-FI
GRATUITO

That's all, andarilhos. Adoro andar por esses extremos e saber que a arte e a cultura também pulsam por aqui. É andando que o nosso preconceito diminui.

Beijos históricos e até quinta que vem.

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