quinta-feira, 15 de março de 2018

#107 MUSEU DO ÓCULOS - GIOCONDA GIANNINI

Hello, andarilhos. Tudo bem com vocês? O que vão aprontar no fim de semana?

Que eu amo lugares diferentes, vocês já sabem. É uma pena que as pessoas não curtam tanto assim. É uma pena que muita gente vê museus como algo chato e entediante. Por que saber mais das coisas se torna algo cansativo? Não vou entender nunca. E acho que nem quero.
Como eu já disse por aqui anteriormente, tudo se torna um hábito. E tudo me frustra muito. Sabe porquê? As pessoas fazem tudo iguais. Sigo muitos blogueiros de viagem e é sempre a mesma coisa: as mesmas fotos, tiradas no mesmo ângulo, os mesmos bares, os mesmos lugares, o mesmo tudo e as mesmas opiniões. São incapazes de mostrar algo além do que já foi mostrado.
Meu Deus, quando eu for para esse mundão, nem imagino o que pode acontecer. Não sou melhor do que ninguém, claro. Mas, desde pequena, nunca me enquadrei em grupo nenhum e se antes eu sofria, hoje eu me orgulho.
Mas, claro, que isso tem um preço.Tomar um caminho contrário demora mais para se chegar em algum lugar. É tendência do comportamento humano se guiar por onde já foi falado. É mais seguro, mas a zona de conforto está ali junto com você.
Vamos buscar o novo, o diferente e o irreal. Vamos peregrinar e não apenas ser turistas. Vale a pena enxergar dessa maneira.
Eu garanto. Não vamos ser tão vazios.

Tudo isso por que eu acho que as pessoas tem uma preguiça gigantesca de procurar por coisas novas. Sério.
Quando alguém me diz que São Paulo não tem verde, eu logo penso que se a pessoa se enfiar o dia inteiro em um shopping, óbvio que não vai encontrar. E posso dizer, São Paulo não é tãããããão de pedra assim. Por isso que é bom andar, caminhar, reparar em detalhes e ver coisas encontradas por você mesmo.

Tudo isso por causa de um lugar lindíssimo, diferente e provavelmente não está incluso em cartões portais de São Paulo.
Vamos enxergar melhor o MUSEU DO ÓCULOS? O Museu do Óculos é um museu particular fundado em 1996, pelo esteta ótico e colecionador, Miguel Giannini.
Mas, quem foi o Miguelzinho? Ele só foi o responsável pela revolução óptica após os anos 1970. Aos 13 anos, teve seu primeiro emprego como office boy em uma ótica famosa no centro da cidade e aos 18 aos, já sabia tudo sobre lentes, armações, óculos e etc... Aos 23 anos, fundou sua ótica própria, a "Ótica Fiore & Miguel" com seu amigo mestre em montagem de óculos.

Conforme o movimento da loja crescia, preocupava a falta de dinheiro e falta de capital para aumentar o estoque de óculos. Miguel, pensou e pensou e resolveu fazer armações convencionais em peças exclusivas. Óbvio que foi um sucesso. Na época, foi o único a trabalhar com peças artesanais. Ele fazia os óculos de acordo com o rosto de cada cliente. Atendimento personalizado que chama, né?
E assim, foi referência no Exterior e foi ganhando muitos óculos, que criou o seu acervo particular. Hoje são mais de 700 peças expostas de diversas partes do mundo.
A loja/museu fica em um casarão lindíssimo, azul e branco, construído em 1918 e é tombado pelo Patrimônio Histórico.
Ali também é um ponto comercial. A ótica fica no térreo e o museu fica no 1o andar.

O espaço não é tão grande, mas acredito que conta tudo o que precisamos saber. Então, sabemos tudo através de uma ordem cronológica e nos mostra a importância de se ter um óculos. Sim, apenas gente muito rica usava. As pessoas usam óculos há séculos; pesquisas mostram que existia algo parecido desde o século 1 antes de Cristo. Enfim, vamos a história.
Foi nesse século que as primeiras lentes corretivas surgiram, feitas com pedra semi preciosas para garantir que as pessoas enxergassem de perto. Tudo isso, devemos agradecer a um matemático árabe que formulou uma teoria sobre a luz em espelhos periféricos e como tudo isso reagia no olho humano.
Admiro o povo de exatas. Sempre funcionais e brilhantes, mas nunca divertidos como o povo de Humanas.
Conforme o processo cronológico do museu, óculos eram utilizados por monges ( que tinham que ler e escrever), e homens, em sua maioria . Mulher precisaria usar para quê, né? Mulheres, naqueles tempos, não precisariam saber ler. Apenas cuidar da casa, dos filhos e do marido. Imagina fazer todo um trabalho de casa a luz de velas? Acho que isso forçava a vista. Mulher precisava de óculos, sim. Onde já se viu?
O que poucos sabiam, era que óculos e suas lentes eram utilizadas para a correção de deformações ópticas. Muitas vezes, eles eram usados apenas por status e acessórios. Acho que é assim até hoje. Vejo pessoas que usam só as hastes, sem a lente. Ainda não entendo muito bem o motivo, mas enfim... acho que estou velha demais para entender. Velha, chata e reclamona.
No Brasil, os óculos chegaram por aqui só no século XVI, com a chegada dos portugueses. Os jesuítas utilizavam muito, funcionários da colônia, homens letrados e colonos cheios da grana.
Em relatos muitos antigos, o filósofo chinês, Confúcio, já falava dos óculos, no ano 500 a.C, mas apenas como um acessório normal e não corretivo. As lentes eram de vidro, mas não possuíam grau.
Os óculos modernos, surgiram um pouco antes de 1300, na Europa e só em 1785, Benjamin Franklin , inventou os óculos bifocais, possibilitando enxergar de longe e de perto, em um único modelo.

Ir ao Museu do Óculos é uma viagem no tempo. Nos mostra que tudo é história e não podemos viver sem ela. É através de relatos, documentos e oralidade que podemos identificar o comportamento humano e entender o nós somos e para que viemos. O que faremos no futuro? Bem, a história está sendo contada. História é História. Mesmo que ela esteja guardada onde menos esperamos e quer dizer mais da gente do que esperamos. Mesmo se estiver no Museu do Óculos, proporcionado por um entendido do assunto e colecionador dos mais variados estilos e tamanhos.
Quem diria que óculos tem tanta história para contar?
Além disso, também estão expostas, máquinas antigas para medir grau, diversos graus de lente e óculos utilizados por famosos como: Elis Regina, Jô Soares, Rita Lee e alguns curiosos como o óculos-toldo adquirido na Itália.

O que eu não sabia que Miguelzinho está vivo e ele é fofo. A sua ultima aparição na mídia, foi mês passado, no programa "Santa Receita" na TV Aparecida.
Vamos agradecê-lo por proporcionar essa viagem a história do óculos de uma maneira tão rica, inusitada e diferente.
Ele homenageou a sua mãe como parte do nome do museu - Gioconda Giannini  e é o único museu dedicado ao óculos na América Latina. Eu não sei do mundo, mas prometo pesquisar.
O lugar é bem pequeno, mas ficamos 1 hora lá, mais ou menos. Sim, eu sou dessas. Gosto de absorver tudo.

Bom, como eu relatei aqui, eu amei o Museu do Óculos. Para quem é curioso, gosta de pesquisar sobre diversos assuntos, vai amar passar um tempinho em um casarão antigo e lindíssimo. O assunto é bem peculiar, mas será uma tarde maravilhosa, absorvendo curiosidades que você nunca imaginou. E se fosse chato, com certeza, eu falaria.

Ah, e repare na Casa Árvore logo em frente do Museu. É muito diferente também.


Endereço: Rua dos Ingleses, 108 - Bela Vista - Linha Azul do Metrô ( São Joaquim )
Telefone: 11 3149 4000
Site do Estabelecimento: http://www.miguelgiannini.com.br
Horário de Funcionamento: Segundas-feiras às Sextas-Feiras: Das 9h00 às 18h00 // Sábados: 09h00 às 13h00 // Domingos: NÃO FUNCIONA
ENTRADA GRATUITA

Bom, andarilhos. Acho que é isso. Aproveite o diferente e curta coisas inusitadas. O Museu do Óculos vale a sua visita.
Vão e depois, voltem aqui para me dizer o que acharam. Estou esperando por vocês.

Beijos e até sábado.

















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