quinta-feira, 1 de março de 2018

#103 GALERIA OLIDO



Hello, andarilhos! Tudo bem com vocês? O que vão aprontar no fim de semana?


Eu amo arte, toda e qualquer manifestação cultural. Sonho com o dia em que as pessoas vão respeitar e entender que isso também é trabalho e forma de ganhar dinheiro. Por que não viver disso? Qual é o problema em escrever poemas, atuar em uma peça, tocar violão ou dançar? Isso não é coisa de vagabundo. Não, trabalho não é só aquele em que vivemos mecanicamente, fazendo a mesma coisa todos os dias. Trabalho não é o seu filho se formando em medicina, engenharia ou direito. Isso é status. Claro que são profissões nobres e lindíssimas... mas, entendam que é diferente. Nada mais lindo que expressar a sua dor, a sua alegria e a alegria dos outros, através da música, das histórias, dos poemas e ser eterno. Essa é a graça. A arte e o artista serão eternos. Acho que é isso que incomoda tanto. É trabalhar para que o outro se divirta e sermos lembrados.

São Paulo já se tornou uma grande cidade cultural. Manifestações como essas, acontecem o tempo todo, a toda hora. Basta ir na Paulista todo domingo para vermos o que significa isso tudo.

O lugar de hoje é bem histórico. É um espaço para manifestação de várias vertentes da arte como: dança, cinema, teatro, literatura, artes visuais e circo.
Apresento a GALERIA OLIDO. Esse centro de cultura é relativamente novo. Foi inaugurado em 2004, bem depois do fechamento do Cine Olido, antigo cinema luxuoso que fechou no início do século XXI.

O mais interessante de tudo isso é que tudo isso não foi construído por um brasileiro: um espanhol chamado Domingos Fernandes Alonso desembarcou por aqui, em 1906 e construiu um grande império com empreendimentos em muitas áreas, dentre eles, o cinema. E olha que legal: o nome OLIDO foi escolhido entre a fusão do nome Domingos e o da sua esposa, Olivia. Muito engraçado. Os inventores do "shippar". Será? Revolucionários...

No século XX, ir ao cinema era uma questão de status ( só gente muito importante ou muito rica iam assistir a filmes na época de gala de Hollywood ). São Paulo já tinha a sua Cinelândia, um cinema a cada esquina, se assim, eu posso dizer. Cinema Paissandu, Broadway e o Ritz eram os mais famosos e os mais comentados.
Então, se aproveitando da onda, o Cine Olido foi inaugurado em 13 de dezembro de 1957. Foi o primeiro cinema dentro de uma galeria comercial.
O filme inaugural foi "Tarde Demais para Esquecer" estrelado pelos atores Cary Grant e Deborah Kerr. Antes de qualquer filme começar, o público era recebido por uma orquestra com piano. Chique até dizer chega.

O espaço do cinema também era muito sofisticado, a entrada era revestida em mármore e tinha muitos espelhos de cristal. Fico imaginando esse povo todo sair do cinema e depois assistir alguma coisa no Theatro Municipal. Era a nata da cultura... Para mim, cultura é glamour. Nada mais sexy do que uma pessoa culta. Vale mais do que qualquer tanquinho ou perna sarada.
Deveria ser o máximo viver naquela São Paulo. Queria ter vivido nessa época, antes da ditadura chegar.

E os cinemas de rua fizeram muito sucesso até o desenvolvimento, de fato chegar. Automóveis  ficavam cada vez mais populares e shopping centers com grandes estacionamentos começavam a chegar por aqui. E tudo o que é novidade, o público sente-se atraído. O que pensar de um lugar que reunia restaurantes, compras, cinemas, entre outros e um lugar que se podia deixar o carro com toda a tranquilidade, sem se preocupar o que acontecia do lado de fora?
E com isso, os cinemas de rua, foram perdendo a sua popularidade. As pessoas esqueceram da essência. Ir ao cinema já não era mais tão glamouroso assim. Fazer compras era.
O que de fato, esse comportamento não mudou. Ter um cartão de crédito dá um poder incrível. Cara, você não tem poder nenhum. Vai por mim.
Infelizmente, nessa época, no começo dos anos 1980, um boom de shoppings centers explodiu aqui em São Paulo e os cinemas de rua, ficaram totalmente esquecidos.
E finalmente, em 1996, o Cine Olido, exibiu o último filme de sua existência, "Planeta dos Macacos", para apenas 6 telespectadores.
Hoje, São Paulo conta com apenas 9 cinemas de rua. Apenas 9. Precisamos reivindicar por mais.


E assim ficou até ser revitalizado pelo governo da então prefeita, Marta Suplicy. A obra para reabrir o antigo Cine Olido, começou em Setembro de 2003 e durou exatamente um ano. Em Setembro de 2004 foi reinaugurado com uma ampla divisão e com 3 secretarias de cultura existentes por lá.

Graças a Odin, São Paulo está se tornando um grande pólo cultural. As pessoas estão descobrindo a cidade e fazendo dela uma São Paulo mais gostosa de se viver. Em cada cantinho, há alguém fazendo algo diferente. Bastar juntar pessoas que pensam a mesma coisa. É muito importante que esse comportamento mude.
Sonho com o dia em que as pessoas parem de ser abduzidas por shopping centers.

E a Galeria Olido é a prova disso. O cinema, enfim, voltou, com 236 lugares, com exibições apenas de filmes nacionais. A ideia é valorizar produções brasileiras, que ainda é vista, por muita gente, com o nariz torto. Filme nacional não é ruim. As histórias são boas. E ralamos muito para fazer algo decente. O cinema também possui piso emborrachado e isolamento acústico para que as salas possam receber eventos culturais. Como a Virada Cultural, por exemplo.

Além disso, tem salas de dança, a sala Olido com 293 andares, espaço de exposições ( Sala Mário Pedrosa ), uma biblioteca ( dá para ficar sentadinho lendo ), abriga o Centro de Memória do Circo ( que eu já falei aqui; corre lá para ler) e outras muitíssimas coisas. A Galeria Olido precisa ser explorada. É uma caixinha de surpresas e um ótimo lugar para passar à tarde.

É muito bom saber que a galeria vive. Vale a pena passar uma tarde gostosa, sozinho ou acompanhado. O mais legal é saber que tudo isso é gratuito ou valores mínimos.
O pessoal que trabalha ali é extremamente educado e a acústica é bem ampla.
Se tiver entediado, dê uma passadinha pela Galeria e respire arte e cultura, depois vá a Galeria do Rock se perder no meio de discos e música boa.

Aliás, andar pelo Centro é algo incrível. Tome cuidado com os seus pertences, como em qualquer lugar do mundo e seja feliz.


Endereço: Avenida São João, 473 - Metro República.
Telefone: 11 3331 8399
Horário de Funcionamento: Terças-feiras aos Domingos: Das 8h00 às 22h00 //  Segundas-feiras: Não abre
Entrada Gratuita. Veja a programação do dia. Há eventos gratuitos e outros com valores mínimos
Site: www.prefeitura.sp.gov.br/galeriaolido
E-mail: galeriaolido@prefeitura.sp.gov.br

That's All, andarilhos! Vá a Galeria e veja o quanto é legal ficar pelo Centro de São Paulo. Tire muitas fotos. Aproveite!









Depois me contem se gostaram, ok?

Beijos, beijos, beijos!






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