sábado, 24 de março de 2018

#110 CASA MODERNISTA

Olá, andarilhos. Tudo bem com vocês? O que vão aprontar nesse fim de semana?


O lugar de hoje é histórico. Sim, de novo. Mais um para conta. Quando o blog tinha acabado de nascer, eu pesquisei muito sobre os lugares que combinavam muito com a proposta dele, com a minha personalidade e a do andarilho também. Isso muito antes de entender algoritmos, que dá para trabalhar com o Instagram e descobrir que muita gente do mundo inteiro lê também. E o lugar de hoje, foi o primeiro diferentão em minha pesquisa. Nunca tinha ouvido falar dele e estava muito ansiosa para conhece-lo. E mais para o final, vou dizer o que eu achei dela.

Vamos conhecer a CASA MODERNISTA?


Tudo começou com o arquiteto ucraniano/russo Gregori Warchavchik que chegou ao Brasil em 1923, no auge do movimento modernista no Brasil, um ano depois da Semana de Arte Moderna de 1922, onde reuniu a nata dos artistas daquela época: Tarsila do Amaral, Oswald de Andrade, entre outros...

Para simplificar, o movimento modernista parte da ideia de pegar obras de artes antigas e remodela-las para o atual, dar uma nova forma a elas e que se tenha uma nova visão do clássico e que logo, se transforma em novo. Uma releitura daquilo que já foi feito.
É claro que não é só isso. Quis dar uma simplificada para quem não entende muito de arte moderna.
Para quem quiser saber mais sobre o Modernismo, indico esse site: http://www.cursodehistoriadaarte.com.br/
Esse cara entende só um pouquinho de arte. Vai por mim. Ele é genial! Me deu aula de Cenografia na faculdade.

Mas, voltamos ao tio Greg. Ele se casou com a filha de um importante empresário, Mina Klabin, em 1927 e começou a construir essa casa já com o aspecto diferente. Todo o projeto: decoração e construção foi ideia dele. O que era ideia toda dele, a esposa entrou com a grana para executar tudo isso. Além do dinheiro todo, ela colaborou com a construção do jardim, também considerado moderno para a época.

Foi considerada a primeira construção moderna de São Paulo, já que estamos falando de casas construídas por taipa de pilão, que já foi falado aqui inúmeras vezes. Quem acompanha o blog sabe que eu adoro uma construção feita de taipa.
Nessa época, São Paulo passava por um processo de desenvolvimento muito grande. Acredito que a produção e venda do café já não eram mais tão importantes. Teve uma crise do café antes desse ano. O comportamento dos paulistanos estavam mudando e adquirindo hábitos extremamente europeus. A imigração também estava forte. Por causa desse comportamento, imagino o quanto essa casa não deve ter sido falada, comentada, vista e admirada. Se existissem programas de fofoca naquela época, com certeza, esse casal não teria sossego.
Mesmo com uma obra tão impactante, eles alegaram falta de recursos para completar a construção. Ainda assim, com todo o auê, choveram críticas em relação ao projeto e falaram que não era algo moderno.
Eu, particularmente, acho que não entenderam a ideia, já que tudo era simétrico e a construção foi de acordo com o nosso clima. Ficou com cara de Brasil. Simplesmente, tudo fugia dos padrões conhecidos. Óbvio que seria tão julgado.
Posso falar? Para mim, era inveja e inveja grande.


Em 1935, durante a 2a Guerra Mundial, a casa passa pela primeira reforma para ela pudesse ser  ampliada e foi planejado um bosque de eucaliptos para que a família se preservasse do hospital que estava sendo construído em frente a casa de judeus e japoneses - rivais na guerra. Ao todo, a casa passou por 5 reformas até o momento que o casal decidiu que já tinham passado tempo demais ali. Greg morreu em 1972 e acredito que após a sua morte, não vi relatos sobre isso, Mina e os filhos foram embora.

Em 1983, uma grande construtora se acha no direito de construir um condomínio de derrubar parte da antiga construção e a própria vizinhança rejeitou essa ideia e se mobilizaram para que a casa virasse um parque.
O bom é que a construção foi tombada em 1984 pelo CONDEPHAAT ( Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Turístico, Artístico e Arqueológico do Estado ).

Eu imagino o quanto essa construção na época foi comentada. Realmente era diferente. Uma casa com um bosque daqueles não era algo muito comum.


Mas, posso falar? De todos os sítios arqueológicos que eu já fui, esse foi o PIOR de todos. Realmente, foi uma verdadeira decepção.
Não pela casa em si. Se fosse construída hoje, seria apenas mais uma entre todas. A casa é bonita.
Tudo bem que tem visita educativa no local, mas se for alguém que não quer ninguém falando no ouvido, quer fazer uma visita sossegada, no interior da casa, não tem absolutamente nada. Não tem informativos, não tem móveis, não tem placas explicando nada. Só há cômodos vazios e uma televisão passando um filminho, como em toda e qualquer exposição. Se for alguém que não tem paciência para ficar parado ouvindo, aquilo se torna inútil. O Jardim também é péssimo. O que adianta um monte de árvores sem identificação? Eu só conheço bambuzais. Bambus são super fáceis de serem reconhecidos.

Não há flores, não há mudas, não há vida naquele lugar. Sem contar que as pedras do jardim são super escorregadias. Peço que tomem um pouco de cuidado. Jamais vão de chinelo ou sandália. Ainda assim, há pessoas que passeiam com seus cachorrinhos.



Na parte externa, tem uma piscina gigantesca que daria muito bem para ser aproveitada. Tudo bem que um patrimônio tombado não deve ser violado ou estragado, mas as condições da piscina estão péssimas. Parece que há anos aquilo não vê agua, tamanha sujeira. Tudo bem que no dia tinha chovido, mas uma chuvinha não deixaria aquilo ali no estado que eu vi. Uma água ali não faria mal nenhum
Tenho certeza que titio Greg e titia Mina estão se revirando no túmulo.

Pensei que só eu tinha esses pensamentos, mas já vi depoimentos de pessoas pela Internet que ficaram decepcionadas.

Pois mais restauros que tivessem feito, para mim, parece que está meio abandonado. Não sei dizer qual é a sensação que eu senti ao sair dali. Juro que eu esperava outra coisa.
Na parte de trás da casa, notei que tem uma associação de Escoteiros. Eu nunca tinha visto escoteiros na vida. Achava que só veria isso em filme e achei muito legal.

Verifiquei em minhas pesquisas, que atualmente, o lugar passa por estudos para que aconteça um novo restauro. Realmente, o acesso para cadeirantes é difícil por causa do desnivelamento das pedras da entrada e do jardim. Mas há intenção de deixá-las iguais para que esse acesso fique mais fácil e atraente. No futuro, colocarão rampas de acesso.
Sei lá, acho que esse lugar precisa e vida e de cor. Um jardim com 13.000 metros quadrados precisa de identificação, flores e um maior cuidado com as árvores.

Sim, saí de lá decepcionada. Achei que ia uma experiência enriquecedora e que sairia de lá com a cabeça explodindo com tanta informação e tudo o que eu tive, foram cômodos vazios, com um jardim que há muito tempo deveria ter sido bonito e que eu estava entrando na rotina de uma casa sem ser convidada. Quando vi os cômodos, imaginei a família tomando banho, almoçando, Mina brigando com os filhos, Greg chegando do trabalho e quando eu vi os vasos sanitários, de repente, me senti uma intrusa. Eu sei que isso é loucura, mas eu costumo fazer essas associações. Sei lá!
Não vá pensando que esse passeio te agregará conhecimento. No máximo, você andará bobamente pelos cômodos da casa e verá que os tacos do chão, se parece e muito, com os tacos antigos da casa da sua avó. Nada de novo, enfim.

Enfim, não é um lugar que eu vou acordar, estufar o peito e dizer: "hoje estou muito a fim de ir na Casa Modernista". Foi bom para conhecer e ter a certeza de que eu não preciso por os pés lá novamente.
Eu simplesmente NÃO posso dizer NÃO VÁ, por que eu estava esperando por uma coisa e achei outra. Quem sabe a experiência de vocês sejam diferentes? Quem sabe vocês consigam enxergar o que eu não consegui?

Endereço: Rua Santa Cruz, 325 - Vila Mariana - Linha Azul
Telefone: 11 5083 3232
E-mail: museudacidade@prefeitura.sp.gov.br
Horários de Funcionamento: Terças-feiras aos Domingos: Das 09h00 às 17h00 // Segundas-feiras: FECHADO
ENTRADA GRATUITA
Há serviços educativos no local.




Então, é isso, andarilhos. Geralmente, quando eu crio uma expectativa muito grande sobre qualquer coisa, a chance de me decepcionar é imensa. Espero que eles iniciem esse processo de um novo restauro o quanto antes, para que pessoas com necessidades especiais possam visitar o lugar, já que inicialmente, não foi projetado para isso. Uma pena!
Eu queria ter gostado, mas não rolou. Não foi paixão à primeira vista.  Então, espero que gostem e me contem depois o que acharam. Espero por vocês!

Beijos, beijos, beijos!









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