sexta-feira, 30 de março de 2018

#112 MUSEU LASAR SEGALL


Hello, andarilhos. Tudo bem com vocês? Como foram de feriado? Curtiram bastante?

Volta e meia, eu fico pensando. Cultura demais é chato? É cansativo?
Também não sei se ir a museus ou exposições é considerado "coisa de velho". Vejo tantos jovens indo e sinceramente, fico feliz.
Faço essas perguntas por que de vez em quando, bate essas neuras. Em uma conversa com uma blogueira de viagem na segunda-feira, famosinha até, eu vejo uma foto dela naqueles barquinhos da Tailândia ( Cara, não aguento mais ouvir falar desse nome. Sério!) e ela disse para mim que se a maioria gosta de algum lugar, significa que aquilo é bom. Eu pensei comigo: Sério???? O coração começou a bater forte de tanta angústia e desespero. De onde ela tirou essa idéia?
Fui ver os vídeos dela no Youtube, achando que eu pudesse ver algo diferente. Meeeeeeu, é a 100a pessoa que vai a Tailândia e mostra a mesmíssima coisa. Aqueles shows de pirofagia ( acho que nunca ninguém viu os shows da banda RAMMSTEIN, o vocalista é formado na faculdade em PIROFAGIA - pelo amor de Deus, vão no Youtube - os shows do cara são fogo puro, então é por isso que eu não piro tanto com o que eu vejo das festas da Tailândia. Aliás, detesto festas. Só para constar.), os baldinhos de bebida, a dança da cordinha que fez o "É o Tchan" ficar com reumatismo de tanto passar por baixo.
O óbvio não me atrai e tenho certeza que as diferenças, aquilo que pouca gente mostra, o que é desprezado é a melhor coisa do mundo. A embalagem para mim não importa. Sou feliz pelas surpresas.
Eu me pergunto: As pessoas que são óbvias demais ou sou que estou ficando velha e chata? Não, infelizmente, muitos optam pelo senso comum.

E o que isso tem a ver com o que eu disse lá em cima? Por que eu acho que as pessoas se repetem demais e isso me cansa. Preciso o tempo todo de novidade, o tempo todo de inovação, de gente que sempre tem algo novo a dizer e que pense muito além quando vê paredes.

E eu fico muito feliz quando encontro algo que muitos não conhecem. Vamos entrar no MUSEU LASAR SEGALL?

Acreditam que eu não nunca tinha ido nesse museu? Vergonhoso, eu sei. Eu sempre ensaiava para ir, mas nunca consegui ter a oportunidade. Até agora.
O Museu Lasar Segall é uma associação sem fins lucrativos, para reunir, divulgar e preservar as obras do artista Lasar Segall.
Mas quem foi ele? Ele foi um artista lituano que nasceu em 1891 e foi um escultor, pintor e gravurista judeu, da mesma família dos idealizadores da Casa Modernista que eu falei na semana passada. Os temas de suas obras são sempre o sofrimento humano: guerra e perseguição.
As coisas foram pesadas na 2a Guerra Mundial e ele foi muito perseguido. Para quem curte esse tema e fica mal com as atrocidades cometidas por Hitler e sua gangue, certamente ficará estarrecido.
Já no ano de 1923, ele se mudou definitivamente para o Brasil, onde suas obras ficaram bastante conhecidas e foi um dos primeiros artistas modernistas do Brasil.
A história dele é riquíssima. Tire uma tarde inteira e se dedique a conhecer essa história tão incrível.
Ele morreu em 1957.
Foi a partir daí que sua esposa, Jenny Klabin Segall, decidiu reunir e catalogar todas as obras do marido e transformar a antiga residência em um museu.
Mulher de visão. Mas, apenas uma ala da casa funcionava. Isso em 1963. Em agosto de 1967, Jenny morreu e os dois filhos do casal resolveu continuar com a história de sua família. Ainda bem.
A inauguração oficial aconteceu em 27 de fevereiro de 1970 com a Associação Museu Lasar Segall e só foi aberto ao público em 1973 com horários regulares para a visitação.

O que você irá encontrar por lá:

  • Suas obras: ( são mais de 3.000 obras, entre pinturas a óleo, pintura sobre papel, gravuras, mais de 2000 desenhos em diversas técnicas e 70 esculturas);
  • Ele desenhou uma série de móveis para sua utilização, que hoje compoê o cenário da biblioteca Jenny Klabin Segall;
  • Documentos: ( são 8.000 documentos, entre rascunhos, textos em diversos idiomas e traduções recortes de jornal, cartas trocadas, documentos sonoros, entre outros)
  • Fotografias: ( registros dos seus ateliês, momentos profissionais, amigos, famílias, cenas de viagem, paisagens, etc...)
  • Livros: ( parte do acervo bibliográfico, precisa de consulta mediante agendamento - livros do século passado, primeiras edições modernistas brasileiras e edições raras publicadas na Europa)
  • Biblioteca: ( são 530 mil itens - coisa para caramba - um acervo único de livros sobre Fotografia, cinema, Dança, Circo, Teatro e artes em geral. Eles não tem sistema de empréstimo. Tudo tem que ser consultado por lá mesmo)
  • Oficinas e Cursos: ( cursos como gravura, fotografia e criação literária. Sonho em fazer algum curso com eles )
  • Cinema: ( É preciso consultar a programação. Tenha certeza de que os filmes exibidos não são de circuito hollywoodiano)

Viram que marido e esposa talentosos?  O Museu resistiu a intensa era da ditadura. É claro que artistas e pessoas talentosas não eram bem vistas aos olhos desse pesadelo.  Em Dezembro de 1968 foi instituído o AI-5, que deu início ao período mais terrível do regime como perseguições, torturas e grandes punições para quem fosse inimigo do governo. Centros culturais surgiram nessa época como ambientes de resistência, promovendo obras de cunho social e político.

Afinal, é preciso resistir. É preciso calar a boca de quem acha que as coisas tem que ser como são e nada podem ser mudadas. O museu na época resolveu promover ciclos cinematográficos para aquele público alvo que não tinha muito acesso a arte e cultura ( colegiais, donas de casa, trabalhadores em massa) com o intuito de divulgar e ampliar a cultura.
Com isso, surgiu a ideia de oferecer cursos para que um novo olhar consciente e crítico surja na vida na pessoa.

Estão vendo como tudo é questão de hábito? É só colocar a sementinha na cabeça certa que tudo floresce.
Às vezes, as pessoas não tem acesso ao que fazer e é preciso que alguém como essa família tenham a iniciativa de conquistar pessoas para que não façam besteira e comecem a enxergar novos horizontes e amplitudes em sua vida.

Só para constar. Foi uma grande surpresa que a família Lasar Segall e a família Klabin são parentes. Estou me sentindo íntima. Confere o post da Casa Modernista que eu falo sobre a família Klabin.
Eu acho a família Lasar Segall mais legal, mais original, mais tudo...

Em dezembro de 2013, o museu passou por uma intensa reforma que durou 1 ano e meio. Precisou de uma reforma em sua infraestrutura como infiltrações, reparos no telhado, atualização do sistema de seguranças, entre outros. A reforma custou 2 milhões de reais que veio do Fundo Nacional de Cultura.

O café de lá também é uma delícia e não achei caro. 2 cafés expressos e duas fatias de bolo formigueiro saíram por 20 reais. Ficar sentadinho ali, olhando para o jardim é uma coisa maravilhosa. Dá para descansar e ficar pensando na vida. 
Café é uma boa pedida a qualquer hora do dia e aconselho a dar uma parada, pois o museu é gigantesco e é bom para dar uma respirada.
Uma pena que não deu para ver tudo. No dia, tinha acabado a força e ia demorar um pouco para voltar e decidimos ir embora. Mas, isso depois de termos ficado quase 2 horas olhando para tudo e mais um pouco.
Preciso voltar lá de novo... e de novo... e de novo.

Então, estão vendo? Foi preciso um carinha vindo da Lituânia ( um país que eu morro de vontade de conhecer ), difundir o melhor da arte aqui no Brasil. 
Você vai pirar com a história de perseguição dos nazistas e saber mais sobre essa história tão rica do Lasar Segall e sua família. 

Endereço: Rua Berta, 111 - Vila Mariana
Telefone: 11 2159 0400
Horário de Funcionamento: Quartas-feiras às Segundas-Feiras: 11h00 às 19h00 // Terças-Feiras: FECHADO
Site do Museu: http://www.museusegall.org.br
ENTRADA GRATUITA

Então, é isso, andarilhos. Espero que vocês tenham gostado do post de hoje e me arrependo de não ter conhecido antes. O Museu Lasar Segall é uma afronta à opressão. E é isso que nos faz crescer de verdade. Não podemos ser tão retrógrados. É vergonhoso.
Vão lá conhecer, aproveite e contemple um pouco a rua em volta. As árvores são lindíssimas e a rua é super fofa.
Me contem depois o que acharam, ok?

Beijos e até semana que vem.










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