quarta-feira, 8 de agosto de 2018

#149 PARQUE MARIO COVAS

Olá, andarilhos. Tudo bem? Estão sobrevivendo ao frio? Eu adoro!


Jamais vou entender o termo selva de pedra. Acho muito pejorativo. Não quero ser chata, mas é uma mentira deslavada. Quem é leitor antigo do blog e para os que estão chegando, eu provo que isso é uma grande injustiça.
São Paulo tem mais verde do muita gente imagina. É só procurar. Eu vivo dizendo que se você perambular pelo Centro de SP, Avenida Paulista ou só ir ao Ibirapuera, não terá opções mesmo. Não verá o verde que tanto se busca.
Como muita gente não conhece a São Paulo que eu vejo por aí, então cabe a mim, ter que mostrar que existe diversas opções verdejantes para todo mundo e com acesso gratuito, o que é ainda melhor.
É claro que, com o desenvolvimento chegando foi extremamente necessária a verticalização das coisas. Mas se você garimpar lugares, como garimpa roupas baratas em lojas, pode ter certeza que irá se surpreender e muito. E eu sempre afirmo aqui: quanto mais eu ando, menos eu conheço São Paulo.

E para você dizer o quanto tudo é injusto: justamente na Avenida Paulista, o lugar dos arranhas-céus e dos homens engravatados, há dois parques que estão ali, prontos para serem desfrutados.

O primeiro, eu já falei por aqui. Parque Trianon, no post 101. Confere lá, depois. Vamos passar um tempinho no PARQUE MARIO COVAS?

Para começarmos a falar do parque, precisamos voltar um pouquinho antes da sua existência. Falar sobre a Avenida Paulista e o que tem ao redor dela e não falar como ela chegou até o que é hoje, é violentar o propósito do blog e a história de São Paulo.

Sabemos que a Avenida Paulista foi a casa de muitos homens ricos, barões do café e outras profissões de luxo. O lugar que hoje fica o parque, foi a casa de Alexandre Honoré Marie Thiollier. Quem foi o Alê? Com essa chiqueza de nome foi um homem bem inteligente e letrado. Foi livreiro, guarda-livros e sócio da primeira livraria de São Paulo, a Casa Garroux. Devia ser o máximo andar por ela. Então, em 1878, conheceu a mulher que viria ser a sua esposa, Fortunata de Souza e Castro e em 1903, construiu a casa que serviria de empréstimo para algumas famílias importantes, quando o senhor Alex viajava a negócios e cuidava da saúde. Ele gostava tanto da mulher que homenageou-a dando o nome da casa de Villa Fortunata. Homenagem linda. Viu, homens? Nada de prometer dar a lua, o céu ou as estrelas. Façam algo assim.

E então, em 1913, o senhor Thiollier morre em Paris e foi trazido para cá, para o Brasil no Cemitério da Consolação. É um passeio que eu preciso fazer. Quem sabe não encontro o túmulo dele?
E então, o filho dele, passa a morar na casa do pai, o que aliás, foi tão importante quanto ele. René Thiollier fez de tudo. Se formou em Direito, casou com a prima e teve dois filhos, escreveu em vários jornais como o "Estado de São Paulo", "Gazeta" e "Jornal do Comércio", lançou revista, foi ator, ocupou uma cadeira na Academia Paulista de Letras e ajudou a financiar a Semana de Arte Moderna de 1922. Foi ele que alugou o Theatro Municipal para a realização, pois jovens modernistas necessitavam de apoio político e financeiro.
Estão vendo como a Lei ROUANET hoje é importante? Naquela época, existiam os mecenas que investiam em arte e cultura. Quem faz isso hoje se não for "obrigado"?
O cara participou até do Movimento Constitucionalista de 1932. Ou seja, ele fez de tudo nessa vida. Infelizmente, em 1968 ele faleceu dentro de casa. Viveu muitíssimo bem.

E então, o casarão foi demolido em 1972, assim como outros casarões na época. E o ex-BANERJ ( Banco do Estado do Rio de Janeiro ) compra o local com seus 5,4 metros quadrados e mais de 200 espécies de árvores e espécies da Mata Atlântica. Chegou a pertencer a um estacionamento e em 1992, foi tombado pelo COMPRESP devido a área verde que possui.

E então, em 2008,  o Parque Mario Covas começava a nascer, em meio a polêmicas. Gilberto Kassab era o prefeito na época e decidiu que homenagearia o Mario que foi prefeito na década de 1990. Houve uma manifestação liderada pela filha do René para que o parque ficasse com o nome dele. Artistas também abraçaram esse movimento. Mas causaram tanto que nada aconteceu. A filha já tinha 90 anos e acho que não a levaram muito a sério. Bem, não devem ter levado, pois o nome continua sendo Mario Covas.
Ia ser legal se o nome fosse para o antigo dono.

Até que em 24 de Janeiro de 2010, nas comemorações do 456o niver de Sampa, o parque foi inaugurado com o investimento do banco Itaú cuja obra foi avaliada em 700 mil reais.
Não sei como deveria ser a mansão da família, mas o parque é bem pequeno e não tem muita coisa para se fazer. É ideal para pensar e repensar na vida, durante o seu horário de almoço.
O parque conta com uma vegetação intensa e árvores devidamente descritas. Eu AMO identificação em árvores. Então, você encontrará lá abacateiro, cedro, figueira-da-índia, mangueira, paineira, entre outros.
Tem vigias pelo parque, então fique tranquilo que vocês estarão seguros
. Existem banheiros femininos e masculinos e uma casinha de Central de Informação Turística com pessoas que irão te atender bem. Panfletos sobre o que fazer por aqui estão disponíveis gratuitamente. Podem levar à vontade.
Tem mesinhas para ler um livro, jogar alguma coisa ou simplesmente ficar sentado. Há aparelhos de musculação também.
Esqueci de falar do bicicletário. Dá para deixar sua bicicletinha ali. A única coisa ruim é que caso queira comer alguma coisa, terá que sair do parque, mas ao redor, tem um restaurante japonês, uma hamburgueria e atravessando a rua, tem um Bob's.


Realmente, é muito diferente do Parque Trianon, mas acho super válido conhecer e tirar algumas fotos ali. Eu prefiro o outro. Dá a sensação de que estamos na selva mesmo.
Acho que muita gente usa o Parque Mario Covas para cortar caminho.
Esqueci de dizer que tem WIFI. Geralmente, não costumo usar, mas já vi relatos de que é muito devagar e a conexão é bem ruim.

Endereço: Avenida Paulista, 1853 - Bela Vista ( Metrô Trianon - Consolação - segue mapinha)
Telefone: 11 3289 2160
Horário de Funcionamento: Diariamente: das 7h00 às 18h00
ENTRADA GRATUITA
Não possui estacionamento
POSSUI WIFI




Então, é isso, andarilhos. Ver a Avenida Paulista pulsando em seu dia a dia, nos faz querer ficar no meio do silêncio, de vez em quando. Eu, que valorizo demais o silêncio ao invés de ouvir qualquer conversa fiada, preciso ficar em minha companhia e ver o que o eu mesma tenho a me dizer.
Muitos dizem que nem é parque devido ao tamanho, mas como as pessoas reclamam de tudo, não devemos levar em consideração. O Parque Trianon é mais conhecido, mas acho que devemos dar um chance para o Mario Covas. É parque, é verde, é natureza... precisamos parar de chamar São Paulo de Selva de Pedra. Não, não é.
Eu já mostrei 2 parques no coração da Avenida Paulista. Já pararam para pensar o que tem por aí, nos esperando? Pois é!

Beijos naturebas e até sábado.
 

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