sexta-feira, 24 de agosto de 2018

#154 TEATRO FAAP + "TEATRO PARA QUEM NÃO GOSTA" DE MARCELO MEDICI & RICARDO RATHSAM - ENCERRADO


Hello, andarilhos. Tudo bem com vocês? O que vocês vão aprontar nesse fim de semana?


Quem lê o blog, já deu para perceber que uma das coisas que eu mais amo nessa vida é teatro. Já estudei, tentei fazer ano passado de novo, mas a vida não me presenteou com esse dom e me fez com que eu me encantasse pelos bastidores.
O lugar de hoje foi post ano passado e eu já disse que esse é um dos lugares mais lindos que eu já visitei, devido a arquitetura, escultura e possuir um acervo riquíssimo de arte.
Ainda não consegui visita-lo de verdade para conhecer melhor, tirar fotos mais bonitas e passar umas horas aproveitando o máximo, do jeito que eu gosto e consigo.

Vamos assistir "TEATRO PARA QUEM NÃO GOSTA?"

Em uma estreia arrebatadora, Marcelo Medici, comemorando 30 anos de carreira e Ricardo Rathsam, que é um presente que se revela aos poucos, apresentam "TEATRO PARA QUEM NÃO GOSTA". É ótimo abrir a embalagem devagarzinho.

Diferente de "Cada Um com Seus Pobrema", sua obra prima, que conta a trajetória de um ator para sobreviver a esse meio, "Teatro para quem não Gosta" discute a "morte" do teatro e por qual motivo chegamos a esse ponto. E é nesse ambiente, em um futuro bem próximo, onde não existe mais palcos, que tentamos resolver essa questão.
Na verdade, é uma homenagem a essa arte tão especial e tão subjulgada por tantos.
Em um ritmo frenético e alucinante, em um pouco mais de 1h30 de peça, Marcelo e Ricardo abrem um portal, nos convidam a entrar e a participar da história do teatro, passando pelo início, lá na Grécia Antiga, Idade Média, Renascença, até chegar nos teatros de revista brasileiros aos Youtubers de hoje em dia.

Nessa comédia, cujo tema é bem específico e com detalhes históricos, Marcelo e Ricardo tomaram o doce cuidado de não transformar em algo didático. Mas, ainda assim é uma verdadeira aula por quem entende sobre o assunto, dominado por esses dois veteranos, mas que parecem dois meninos brincando em cima desse palco. Que delícia revisitar tudo isso.

O ponto é que essa história nos faz pensar. Pensar, de verdade. Acho que é isso que o teatro é capaz de fazer conosco. Refletir. Essa é a sua função.

Tudo para pensar o que estamos fazendo com nossa cultura. Já que voltamos à Idade Média, em pleno século 21, a arte está cada vez mais sendo perseguida e  não fica difícil entender o motivo. Se antes a TV nos paralisava e ditava o que pensar, o que fazer ou que assistir, hoje, temos a Internet, cada vez mais dominante. É clichê dizer que tudo se tornou líquido, raso e sem objetividade.
Estamos na era de que pensar é perigoso. Aliás, pensar sempre foi perigoso, não?

Se na época da Ditadura, onde nada podia ser dito, cantado ou escrito, que era censurado, era fácil identificar o inimigo, hoje fica mais difícil. Esse policiamento de "politicamente correto", do "cidadão de bem", dos fiscais da vida alheia e entre outras vertentes, fica mais difícil mostrar o que nosso coração anseia em em colocar para fora. É por isso que pensar é perigoso; o conhecimento se transforma em luz, te abre para vários caminhos sem volta e o choque entre o seu mundo e o outro é algo avassalador. Dá medo, mas é assim que nos tornamos alguém melhor.
Viver na ignorância, talvez seja mais confortável. Respostas rasas e sem objetivo sejam mais fáceis.

E nessa busca de trazer o que todos deveriam sentir, Marcelo e Ricardo, esses dois gigantes, nos mostram a cumplicidade, a sintonia e a confiança em mais de 20 anos de parceria. Essa segurança nos deixa mais confortáveis em relação a tudo: montagem, cenário, figurino, trilha sonora, iluminação... tudo é feito com amor, cuidado, carinho e lucidez.
E tudo o que é feito com amor, transcende verdade, honestidade e não tem como não dar certo.
É uma honra participar desses momentos que são tão deles, mas ao mesmo tempo tão meu e da plateia que em uníssono, ecoava gargalhadas nesse templo que deve e muito ser respeitado.


É preciso ter coragem para fazer teatro. Marcelo, em toda a sua trajetória, mostra que esse é o seu propósito. Fazer algo por amor, mas aquele amor de verdade, é algo que não pode e não deve ser explicado e isso é impresso em seu olhar. É sentir tudo isso.

Teatro é sobrevivente? Mesmo com a concorrência e das desculpas "teatro é muito caro", ainda vive em busca para que as pessoas conheçam e curtam.
"TEATRO PARA QUEM NÃO GOSTA" é feito para quem gosta sim, E para aqueles que gostam ou amam é preciso mostrar para quem não conhece ou não tem o costume de consumir aquilo, que tudo é uma questão de hábito. Basta abrir a mente.

E ficar uma hora e meia, vendo Ricardo Rathsam vestido de Dama da Camélias, Patinho Feio e
Foto de Manoela Cabral
Marcelo se desdobrando em vinte personagens do jeito que só ele sabe fazer, como Romeu (o da Julieta), Jocasta, entre outros, é uma noite mais do que ganha. Nada como sair relaxado e feliz.

E se não entender, eu te explico: essa peça é um sussurro de que a arte vive. E sempre viverá! Não importa o que aconteça, ela sempre estará ali, contestando situações difíceis. Sempre terá alguém com o espírito limpo, buscando emoções que a razão está longe de compreender. Afinal, como eu disse ali em cima, teatro é para nos fazer pensar. E nada melhor do que o humor, de forma inteligente, irônica e ácida para nos ajudar.
E ninguém melhor do que Marcelo Médici e Ricardo Rathsam para fazerem isso. Simplesmente brilhante, único, divertido e especial.


Endereço: Rua Alagoas, 903 - Higienópolis (MEIA  HORA DE CAMINHADA)
Telefone ( Bilheteria): 11 3662 7233 // 11 3662 72 34
Ingressos: Sextas-Feiras: R$80,00
Sábados e Domingos: R$100
Horários: Sextas- Feiras e Sabados:21h00 // Domingos: 18h00
Vendas pela Internet: www.faap.br/teatro
Possui Estacionamento (vagas limitadas)
Possui acesso para cadeirantes
Aceita cartão: Visa, Master e Diners. Não aceita Cheque.
Horário da Bilheteria: Terças-feiras aos Sábados: Das 14h00 às 20h00 // Domingos: Das 14h00 às 17h00
Estreia dia 21 de Março


É, isso, andarilhos. Teatro é algo para ser sentido e vivenciado. Não tem forma mais gostosa de embarcar nesse mundo, busca-lo através de uma comédia e te faz entender sobre essa busca, essa conexão e o que move um ser humano através da arte.

Vão. Simplesmente vão e me contem depois o que acharam. Combinado?

Beijos teatrais e ate semana que vem.




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